No próximo sábado (19), organizações sindicais, estudantis, movimentos populares e milhares de brasileiras e brasileiros prometem voltar às ruas para cobrar justiça pelas mais de 490 mil vítimas de Covid-19 no país. A mobilização acontece três semanas após as manifestações do 29M, quando as principais vias de mais de 200 cidades dos 26 estados da federação foram ocupadas por protestos em defesa da vida e contra o governo de Jair Bolsonaro (sem partido).
Assim como nos últimos protestos, além do impeachment do presidente, os manifestantes exigem a vacinação em massa da população brasileira e medidas de combate à fome, ao desemprego e aos ataques às populações indígenas, negras e ao meio ambiente. Apesar do silenciamento de boa parte da mídia comercial em relação aos atos do último mês, organizadores das manifestações avaliaram positivamente a mobilização e apontam para atos ainda maiores e mais distribuídos pelo território nacional no próximo sábado.
Segundo Luana Carvalho, da direção nacional do Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais Sem Terra (MST), a experiência das mobilizações do dia 29 serviu para reforçar, junto à sociedade, o sentimento de que é impossível mudar o cenário que o país atravessa sem tirar o atual presidente do poder. Luana percebe que, para além das capitais, a insatisfação com Bolsonaro também tem crescido no interior e nas áreas rurais do país.
“Nós temos conversado com nosso povo e percebemos que as pessoas estão esgotadas de ficar em casa. Porque a gente não tem uma gestão responsável e as pessoas também estão vendo, a cada dia que passa, suas vidas piorarem e as dificuldades financeiras aumentarem. Só aqui no Rio de Janeiro temos mais de 10 cidades construindo o ato do dia 19 de junho no interior do estado”, comenta a dirigente.
Sobre a construção dos atos, Luana faz questão de destacar a preocupação com a segurança dos manifestantes.
“No dia 29 a gente conseguiu organizar um ato bonito, com a nossa cara, nossa alegria e nossas palavras de ordem. Algo que se diferencia muito dos atos convocados aí pelos bolsonaristas. Temos orientado a participação com as nossas bandeiras, mas mantendo as medidas de saúde e segurança que a pandemia exige, como o distanciamento social e o uso de máscaras e alcool em gel”.
Na mesma linha, Danilo Pereira, da coordenação nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), reforça o cuidado da organização com as medidas sanitárias de proteção. Segundo ele, em diversas cidades haverá grupos responsáveis pela distribuição de máscaras PFF2 e N95 para os manifestantes.
Outro ponto importante para ele, é o processo de unificação política que tem se dado na construção dos atos. Danilo explica que a força e continuidade dos atos é resultado de um processo coletivo e unitário em torno da campanha “Fora Bolsonaro” puxada por diversos atores políticos como a Frente Povo Sem Medo, a Frente Brasil Popular e diversos movimentos sociais, coletivos e partidos. De acordo com Danilo: “Isso mostra, inclusive, um amadurecimento da esquerda e dos setores progressistas frente a um desafio dessa gravidade e magnitude que é derrotar Bolsonaro e seu desgoverno”.
Sobre as críticas de promover manifestações em meio a uma pandemia, tanto Danilo como Luana entendem que não se trata exatamente de uma questão de opção.
“Nós gostaríamos de estar numa situação onde não houvesse meio milhão de mortos e que houvesse um controle da propagação da Covid-19, com dirigentes que conduzissem o nosso país com responsabilidade. Mas a gente sabe que a realidade não essa. Eu acho que vale a máxima de que quando o presidente se torna mais perigoso que o vírus, não existe outra opção senão ir às ruas lutar pela vida”, defende o coordenador do MTST.
No mesmo sentido, Luana salienta que ir às ruas se tornou quase uma questão de necessidade: “Se a gente tem ido às ruas com toda essa questão da pandemia, é porque a gente acredita que a população brasileira só vai conseguir uma gestão responsável, que consiga reverter esse quadro de de crise sanitária, econômica e social se gente tirar de fato o governo Bolsonaro do poder. Muita gente que não foi no dia 29 de maio vai se somar no ato do dia 19 de junho porque entendeu que para revertermos esse quadro, só tirando Bolsonaro”, conclui a dirigente do MST.
A lista de cidades onde ocorrerão os atos e outras informações podem ser encontradas na página da Campanha Fora Bolsonaro ou nas redes sociais @forabolsonaronacional.