Redação
O dia 1º de maio de 2022 foi marcado pelo retorno dos atos pelo Dia Internacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras. Após dois anos de intervalo, por conta da pandemia de Covid-19, milhares de pessoas em todas as regiões do país atenderam à convocação de centrais sindicais, organizações e movimentos populares e saíram às ruas para participar de manifestações em defesa de emprego, direitos, da democracia e da vida.
As mobilizações ocorreram em diversas capitais como Brasília, São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador, Recife, Fortaleza, João Pessoa, Aracaju, Teresina, Belém, Manaus e Florianópolis. Ao todo, foram registradas manifestações em pelo menos 16 estados e no Distrito Federal.
Além de relembrar as históricas conquistas dos trabalhadores em todo o mundo, como os direitos trabalhistas, a redução da jornada e melhoria das condições de trabalho, o salário mínimo, e a proteção laboral e previdenciária, o 1º de maio deste ano teve como objetivo reunir os trabalhadores e trabalhadoras brasileiras para discutir os rumos do país nos próximos anos.
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Em São Paulo, por exemplo, líderes de sete centrais sindicais participaram do ato realizado na Praça Charles Miller, em frente ao estádio do Pacaembu. Em nota de convocação publicada na Folha de S. Paulo, os presidentes da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Força Sindical, União Geral dos Trabalhadores (UGT), Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Nova Central Sindical de Trabalhadores, (NCST), Intersindical e da Pública Central do Servidor defenderam a “unidade da nação” em uma “frente ampla pela democracia e pela vida”.
“Os tempos atuais exigem a unidade da nação, das suas instituições e organizações, para defender e fortalecer nossa democracia e seus instrumentos, impedindo todas as ameaças golpistas. O momento histórico impõe construir e fortalecer uma frente ampla pela democracia e pela vida. Essa luta é nossa prioridade, e para a qual iremos somar forças”, diz o texto.
Ainda na capital paulista, dirigentes sindicais e políticos presentes recordaram, em seus discursos, as recentes perdas que os trabalhadores brasileiros tiveram com as reformas trabalhista e da Previdência. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva também compareceu ao ato e criticou a falta de respostas do atual governo a problemas como a alta da inflação, a falta de aumento real do salário mínimo e o desemprego, que atinge cerca de 11,9 milhões de pessoas no país.
Atento às novas configurações do trabalho no Brasil e no mundo, o pré-candidato do Partido dos Trabalhadores (PT) à presidência também fez questão de se dirigir aos trabalhadores por aplicativo. Segundo o ex-torneiro mecânico, as pessoas que trabalham por aplicativo “precisam ter acesso à saúde, um programa de assistência social, a seguro quando baterem seu carro, sua moto ou sua bicicleta e a descanso semanal remunerado”.
“Anomalia”
Em resposta aos tradicionais atos convocados pelas centrais sindicais e demais organizações de trabalhadores, apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) também promoveram manifestações em diversas cidades. Em Brasília, por exemplo, a Esplanada dos Ministérios foi ocupada por camisas verde-amarelas e cartazes e faixas que pediam o fechamento do Supremo Tribunal Federal (STF) e intervenção militar.
O presidente chegou a saudar os manifestantes no local, mas evitou discursar ao público. Mais tarde, através de uma live transmitida em seu perfil no Facebook, Bolsonaro cumprimentou os apoiadores reunidos na Avenida Paulista, em São Paulo. De olho na crise institucional estabelecida desde o indulto concedido ao deputado Daniel Silveira (PTB-RJ), o chefe do Executivo classificou a mobilização como uma “manifestação pacífica em defesa da Constituição, da democracia, e da liberdade”.
Nas redes sociais, o presidente do Senado e do Congresso Nacional, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) reconheceu que as manifestações populares “são expressão da vitalidade da Democracia. Um direito sagrado, que não pode ser frustrado, agrade ou não as instituições”. No entanto, ressaltou que “manifestações ilegítimas e antidemocráticas, como as de intervenção militar e fechamento do STF, além de pretenderem ofuscar a essência da data, são anomalias graves que não cabem em tempo algum”.
Em descumprimento a ordem do Supremo Tribunal Federal (STF) que lhe proibia de de participar de eventos públicos, Daniel Silveira compareceu ao ato organizado por apoiadores do presidente em Niterói, município da Região Metropolitana do Rio de Janeiro. O bolsonarista chegou a ser anunciado no evento como “o homem que vai explodir o STF”.
Edição: Jaqueline Deister