Facebook Twitter Instagram
    Agência Pulsar Brasil
    Facebook Twitter Instagram Whatsapp
    Amarc
    • Editorias
      • Gênero
      • Direitos Humanos
      • Política
      • Meio Ambiente
      • Internacional
      • Opinião
      • Comunicação
      • Geral
      • Cultura
    • Quem somos
    • Colunistas
    • Notícias da Rede
    • Outras agências
    • AMARC
    Agência Pulsar Brasil
    Você está aqui:Início » A quem interessa a tese do marco temporal e o que está em jogo na votação do PL 490?
    Povos Originários

    A quem interessa a tese do marco temporal e o que está em jogo na votação do PL 490?

    Congresso pretende votar o projeto que altera as regras para demarcação de terras indígenas no país às vésperas do julgamento sobre o tema no STF
    maio 30, 2023Nenhum comentário6 min para ler
    Povos indígenas consideram a tese do marco temporal “uma máquina de moer história” (Foto: Mídia Ninja)

    Redação

    O futuro dos povos indígenas e do meio ambiente no Brasil pode começar a ser definido nesta semana pelo Congresso Nacional. Na pauta de votações da Câmara dos Deputados está o Projeto de Lei 490/07, que pretende alterar as regras para demarcações de terras indígenas (TIs) no país, adotando a tese do marco temporal como critério para o reconhecimento do direito dos povos originários aos territórios onde vivem.

    De acordo com a proposta, o marco temporal em questão seria o dia 5 de outubro de 1988, data da promulgação da Constituição Federal. Ou seja, só teriam direito à demarcação de seus territórios os povos indígenas que comprovem “objetivamente” que, em 5 de outubro de 1988, tais áreas eram habitadas em caráter permanente e usadas para atividades produtivas e necessárias à preservação dos recursos ambientais e à reprodução física e cultural.

    Na última semana, a Câmara aprovou por 324 votos a favor e 131 contra o regime de urgência para tramitação do projeto. Na ocasião, o presidente da casa, deputado Arthur Lira (PP-AL) disse que pretendia pautar a votação para esta terça-feira (30).

    Leia mais: Congresso “passa a boiada” e aprova medidas que põem em risco o futuro do meio ambiente no Brasil

    Com o anúncio de Lira, nesta terça-feira organizações indígenas de todo o país realizaram manifestações e protestos em diversas cidades, capitais, comunidades e aldeias contra o que chamaram de “genocídio legislado”. A própria Ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, utilizou as redes sociais para apelar a cidadãos e políticos que pressionem os parlamentares para rejeitar a proposta.

    “Votar o PL 490 no Congresso é acabar com uma esperança de futuro. É sim um genocídio contra os povos indígenas, mas também um ataque ao meio ambiente. Dizer não a esse PL é pela vida na Terra”, publicou a ministra.

    Caso seja aprovado na Câmara, o PL segue para análise no Senado e, caso também tenha o aval da Casa, avança para a sanção presidencial. O presidente Lula (PT) pode sancionar ou vetar o texto.

    O que diz o PL 490?

    Além de estabelecer o marco temporal com critério para a demarcação de TIs, o PL 490 traz consigo outros 14 projetos de lei apensados, cujas propostas mais preocupantes do ponto de vista dos defensores da causa indígena e socioambiental são:

    • A proibição da ampliação de terras indígenas já demarcadas;
    • A adequação à nova regra – do marco temporal – de processos de demarcação que ainda não tenham sido concluídos;
    • A flexibilização do uso exclusivo de terras pelas comunidades e a permissão de que a União retome áreas reservadas em caso de alterações de traços culturais da comunidade;
    • A permissão de contrato de cooperação entre índios e não índios para atividades econômicas – como, por exemplo, a exploração de potenciais energéticos, recursos hídricos e riquezas minerais;
    • A possibilidade de contato com povos isolados “para intermediar ação estatal de utilidade pública”.

    De acordo com a Associação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), uma possível aprovação do PL afetaria “todas as TIs, independente da situação e da região em que se encontram”. Na prática, segundo a Apib, isso corresponderia a colocar 1393 terras indígenas “sob ameaça direta”.

    Leia mais: CPI do MST começa nesta terça-feira com presidente e relator investigados pela Justiça

    Em relação aos povos isolados e de recente contato, a associação acrescenta que “seria difícil ou até impossível comprovar a presença desses grupos em 5 de outubro de 1988 nas terras onde hoje habitam”.

    “O Estado brasileiro até hoje desconhece a existência dessas comunidades. Não é razoável exigir que, numa data específica, esses povos estivessem reivindicando formalmente o reconhecimento e regularização de seus territórios”, destaca a Apib.

    A quem interessa?

    De autoria do ex-deputado Homero Pereira (PSD-MT), a tese do marco temporal é defendida pelo setor ruralista no Congresso. O principal argumento dos apoiadores do PL 490, como o relator da pauta na Câmara, o deputado Arthur Oliveira Maia (União-BA), é o de que a proposta garantiria “segurança jurídica” para os proprietários rurais, protegendo-os do risco de desapropriações para demarcações de TIs.

    Os povos indígenas, por outro lado, consideram a tese do marco temporal “uma máquina de moer história” que, contraditoriamente, inverte a lógica temporal. Segundo a Apib, a tese propõe uma interpretação da história do país em que “quem não estava passa a estar, e quem estava passa a ser invasor.”

    “Além de nocivo, o marco temporal tira a gente da história, reposiciona a gente na história, transforma o bandido em mocinho e transforma o originário em um ser perverso que ocupou e invadiu a terra de outras pessoas. O marco temporal é isso, ele é temporal mesmo, essa máquina volta no tempo, reverte o tempo, troca as pessoas de tempo, coloca as pessoas em tempo diferente, apaga a memória e muda a história”, critica a associação que produziu um conteúdo especial sobre o tema.

    Além da ameaça aos povos indígenas, a Apib ressalta os riscos do PL ao meio ambiente pois, segundo a associação, as terras ocupadas tradicionalmente pelos povos originários são as áreas com maior biodiversidade e vegetação mais preservadas no país. Um levantamento da Apib em parceria com o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM) aponta que 29% do território ao redor das TIs está desmatado, enquanto dentro das mesmas o desmatamento é de apenas 2%.

    “Ou seja, demarcar as Terras Indígenas e mantê-las protegidas de invasores ilegais, garimpeiros, madeireiros e o avanço do agronegócio é garantir que o estoque de carbono nessa área seja mantido e os direitos dos povos indígenas respeitados”, sublinha.

    Judiciário

    A tese do marco temporal também está em pauta no Judiciário. O julgamento do tema no STF começou em agosto de 2021 e – conforme anunciado pela presidente da casa, a ministra Rosa Weber – deve ser retomado no dia 7 de junho.

    O processo em questão se refere à ação de reintegração de posse movida pelo governo de Santa Catarina contra o povo Xokleng, referente à TI Ibirama-Laklãnõ, na região do Vale do Itajaí.

    Em 2019, o STF deu status de “repercussão geral” ao processo, o que significa que a decisão tomada neste caso servirá de diretriz para todos os demais casos ligados a procedimentos demarcatórios. A estimativa da Corte é que a decisão afetaria, hoje, pelo menos 82 casos semelhantes.

    Até o momento, a votação está empatada. O relator da ação, ministro Edson Fachin, votou contra a tese do marco temporal. Já o ministro Nunes Marques, segundo a votar, divergiu e se manifestou pela aplicação da tese.

    *Com informações da Agência Câmara, Carta Capital, Folha de S. Paulo, G1 e Apib

    Edição: Jaqueline Deister

     

    demarcação indígenas marco temporal politica terras indígenas
    Compartilhe! Facebook Twitter WhatsApp
    Filipe Cabral

    Repórter da Agência Pulsar Brasil.

    Posts Relacionados

    Toffoli vota contra marco temporal de terras indígenas em julgamento no STF

    Povos indígenas se mobilizam para acompanhar julgamento do marco temporal no STF

    Em defesa da vida, mulheres indígenas de todo país prometem ocupar Brasília em setembro

    Deixe um comentário Cancelar resposta

    Mais recentes
    setembro 21, 2023

    “Mal escrito e sem provas”: deputados contestam relatório final da CPI do MST

    setembro 20, 2023

    Toffoli vota contra marco temporal de terras indígenas em julgamento no STF

    setembro 19, 2023

    Em discurso na ONU, Lula cobra “vontade política” para superar as desigualdades no mundo

    setembro 18, 2023

    Sancionada lei que garante auxílio-aluguel a mulheres vítimas de violência doméstica

    Mais lidos
    Internacional
    setembro 14, 20230

    Em meio a crise econômica, governo argentino decide ampliar isenção do Imposto de Renda

    Internacional
    agosto 25, 20230

    Em pleno período eleitoral, entrada da Argentina no Brics divide opiniões entre governo e oposição

    Especial Margaridas
    agosto 16, 20230

    Marcha das Margaridas reúne mais de 100 mil mulheres em Brasília

    Internacional
    agosto 16, 20230

    Candidato de extrema-direita é o mais votado em eleições primárias da Argentina

    Especial Margaridas
    agosto 15, 20230

    “Até que todas sejamos livres”: Margaridas chegam a Brasília confiantes na reconstrução do país

    Especial Margaridas
    agosto 11, 20230

    Assassinato de Margarida Alves completa 40 anos: conheça o legado da agricultora e líder sindical

    • Facebook
    • Twitter
    Agência Informativa Pulsar Brasil
    Um programa da Amarc Brasil

    QUEM SOMOS contato@agenciapulsarbrasil.org

    Type above and press Enter to search. Press Esc to cancel.