A Associação Mundial de Rádios Comunitárias (Amarc Brasil) emitiu uma nota de repúdio contra a reportagem publicada no jornal Diário da Causa Operária, na última quarta-feira (26), intitulada “Imperialismo financiou ONGs em Belo Monte pelo golpe contra Dilma”.
A reportagem não apresenta nenhuma prova e alega que “os principais atores de movimentos contra o governo do PT [Partido dos Trabalhadores] e em prol do golpe, como o ‘Não Vai ter Copa’, foram financiados por ONGs, brasileiras ou não, que são integralmente sustentadas por países estrangeiros.” Entre as organizações apontadas como “desestabilizadoras” do governo petista está o Movimento Xingu Vivo para Sempre (MXVPS).
O texto do Diário da Causa Operária ataca a ambientalista e fundadora do Xingu Vivo para Sempre, Antônia Melo, reconhecida como liderança social e defensora de direitos humanos da região Norte do Brasil.
O Movimento Xingu Vivo para Sempre surgiu em 2008, na região de Altamira e nas áreas de influência do projeto da hidrelétrica de Belo Monte, no Pará. A organização foi uma das principais forças que se opuseram à instalação da usina no rio Xingu, articulando a comunidade indígena e tradicional da área afetada pela hidrelétrica.
Atualmente, a organização atua denunciando violações de direito que ocorrem na região, além de exercer importante papel social ao pressionar os órgãos públicos em Altamira e na Volta Grande do Xingu para visando a melhoria das condições de vida para a população local.
Em nota de repúdio, a Amarc Brasil se solidariza com Antonia Melo e as organizações mencionadas no texto e afirma que “a ação antidemocrática é aquela que pretende calar as vozes de quem defende seus direitos, os das suas comunidades e da humanidade, e pretende um consenso artificial, sem oposições”.
Confira a nota:
A AMARC Brasil repudia a matéria do Diário da Causa Operária que afirma que ONGs e movimentos contrários à construção da usina de Belo Monte no Pará foram aliadas de organizações estrangeiras para ferir os governos do Partido dos Trabalhadores em 2009 e 2016.
A matéria do citado veículo ataca personalidades fundamentais na luta pela defesa do meio ambiente e dos recursos naturais, confundindo a atuação e o exercício legítimo da liberdade de expressão com “desestabilização”.
Acusar de forma leviana e sem fundamento Antonia de Melo, fundadora da organização Xingu Vivo para Sempre, é desconhecer a sua atuação, sua trajetória e a importância do trabalho que desenvolve na sua região e na Amazônia.
Justamente, a ação antidemocrática é aquela que pretende calar as vozes de quem defende seus direitos, os das suas comunidades e da humanidade, e pretende um consenso artificial, sem oposições.
Todo nosso apoio à Antonia de Melo, à organização Xingu Vivo para Sempre, aos movimentos sociais e pessoas que dedicam sua existência a melhorar a nossa, em sintonia com o Planeta.