Presidente Lula, está difícil! O senhor, como candidato, tem que ter muito sangue frio para enfrentar este mau caráter que está à frente do Executivo do nosso país, e é candidato a reeleição, em debates como esses que estão sendo promovidos pelas grandes redes da TV brasileira.
O debate promovido pela Band no último domingo (16), como diria o matuto nordestino: Foi de lascar! Houve um tempo, em programas de TV, que usavam um aparelho de detector de mentiras para saber se o convidado ou o entrevistado estava falando a verdade ou não. Tal mecanismo deveria ter sido usado neste e nos últimos debates! É surreal, mas o que vemos do outro lado, é um candidato que foi treinado para mentir descaradamente, sem o menor pudor, com a maior desfaçatez. Diferente de quando está no dia a dia, e precisa responder a questionamentos de jornalistas, e se irrita facilmente, xinga, desrespeita, perde o bom senso. Foi evidente sua transformação no debate, porque a realidade do dia a dia não lhe dá tempo de se preparar para lidar com as verdades dos fatos.
Deram tanto espaço para este mau caráter, que agora vemos estupefatos os rumos que o país está tomando. Ouso dizer que o país está desgovernado, no sentido literal da palavra, pela negligência deste desgoverno, mas, sobretudo pelas ações sistemáticas de seus séquitos com o objetivo de criar uma cortina de fumaça usando de pautas morais como religião, aborto e família enquanto eles avançam nas ações fascistas!
A guerra psicológica e ideológica que amedronta as pessoas, que as fazem acreditar que este mau caráter é de fato, o iluminado, o salvador da pátria, o “messias”, tem avançado e, por conta dela, existem hoje, de fato, dois lados e não é o lado da esquerda ou da direita, como muitos afirmam. É o lado daquelas e daqueles que conseguem distinguir o que está em jogo – toda uma construção de país baseada em princípios e regras de vida em sociedade, onde o respeito, os direitos e deveres são a base; onde as instituições exercem papeis fundamentais na condução do Estado de direitos, ainda que sejam falhos – e o outro lado, que se baseia no estado paralelo, onde tudo é permitido para alcançar seus objetivos de poder: roubar, matar, mentir, perseguir, usar as instituições como a família e a igreja em benefício próprio.
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Sei muito bem que as e os pesquisadores da comunicação explicam bem este fenômeno. Regimes totalitários como o fascismo e o nazismo cresceram e fizeram um rasgo na história mundial, a partir de um projeto de comunicação, que tinha por premissa a propaganda ideológica. Todos os símbolos usados eram muito bem calculados e tinham objetivos claros. Famílias, cidadãos e cidadãs, trabalhadoras e trabalhadores foram levados a acreditar nos discursos de Mussolini, Hitler e outros “líderes” que levaram milhares de pessoas a morte, acreditando no que eles pregavam.
Presidente Lula, ficou muito claro, que qualquer que fosse o seu poder de argumentação, o senhor teria dificuldades de confrontar o inominável! Porque diferente do senhor, que teve a dignidade de falar de ações, de projetos, de gastar seu tempo em ser didático, explicando e explicitando as provocações do inominável, ele foi treinado para o ataque, foi treinado para usar as mentiras como se estivesse falando a verdade, para desconstruir e desqualificar sua pessoa e suas gestões. Ele não economizou tempo e nem palavras para lhe atacar e concluía suas falas sempre fazendo referência a família, a pátria, a religião! Porque seus assessores sabem que psicologicamente, insistir nestes argumentos, funciona muito bem para que eles alcancem os objetivos ocultos: induzir as pessoas ao medo, a ideia de que o oposto ao que o inominável diz representar é a morte, é a perdição, é o pecado, é o inferno!
Presidente Lula, sou cidadã, sou comunicadora e estive assessora em muitos momentos da minha vida profissional e digo com certeza o que o senhor já sabe: não existem parâmetros para o debate quando o seu opositor não tem parâmetros éticos!
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Espero que o senhor e sua equipe reflitam sobre este momento tão importante e crucial para o nosso país. Será mesmo necessário passar por situações como estas de ficar frente a frente com uma pessoa que não tem nada, absolutamente nada a perder? Que para continuar no poder, é capaz de absolutamente tudo?
Por outro lado, é preciso refletir sobre o papel das empresas de comunicação e a responsabilidade social que elas têm neste momento especifico e crucial para a nossa história democrática: é preciso mensurar e colocar na balança se debates como estes colaboram para o fortalecimento da nossa democracia, ou cumprem mais o papel de reforçar o simulacro de uma democracia?
Diante de tanta dissimulação, não seria melhor, neste momento, programas para sabatinar cada candidato e deixar que a população tome suas conclusões? Alimentar esta dita polarização, que nivelou a política por baixo, não fará com que as pessoas conheçam os candidatos de verdade e pode, sim, contribuir para que o que nos resta de princípios democráticos seja de vez sepultado com um governo autocrático.
Hoje foi mais um dia de indignação! Continuemos na luta!
2 Comentários
Perfeito!
Vamos à luta!