

O Criar Brasil – Centro de Imprensa, Assessoria e Rádio – lançou na última terça-feira (2), Dia Internacional pelo Fim da Impunidade dos Crimes contra Jornalistas, o documentário “Comunicação violada – o jornalismo sob ataque nas redes”. A produção trata sobre a escalada da violência online contra comunicadores e comunicadoras em meio ao debate sobre os limites da liberdade de expressão.
De acordo com o Criar, o Brasil vive um momento preocupante em que, sob o pretexto da chamada “liberdade de expressão”, diversos grupos tem promovido cada vez mais ataques virtuais que envolvem desde discursos de ódio, exposição da privacidade, até ameaças de morte e ataques sexistas. Inclusive, segundo a organização, comunicadoras mulheres e mídias comunitárias de periferias têm sido os principais alvos das milícias digitais.
Leia também: Regulação da mídia no Brasil retorna à pauta política nacional
Conforme explica o pesquisador e integrante do Criar Brasil, João Paulo Malerba, além de abordar as possíveis causas e consequências do aumento de ataques a comunicadores na internet e fora dela, o documentário também discute a responsabilidade das plataformas virtuais nestes casos e destaca iniciativas de proteção e segurança para manter vivos o jornalismo e a democracia no Brasil.
“O documentário procura entender as raízes dessa violência online, quem são as principais vítimas e também qual é a responsabilidade das plataformas. Se elas têm feito algo e o que deveriam fazer para diminuir [ a violência]. E também apresenta saídas. Fala com ativistas, professores e integrantes da Repórteres Sem Fronteiras, Artigo 19, Instituto Vladimir Herzog e Intercept para entender um pouco essa realidade, mas também apontando aí quais são as iniciativas da sociedade civil para tentar barrar isso que, na verdade, é uma nova forma de censura, uma nova forma de ataque à liberdade de expressão através das redes sociais”, detalhou.
João lembra que a violência contra jornalistas no Brasil não é novidade. Segundo relatório do Conselho Nacional do Ministério Público Federal (MPF), entre os anos de 1995 e 2018, 64 jornalistas foram assassinados no país. Contudo, o pesquisador chama atenção para o recente crescimento da violência contra comunicadores também nas redes.
“O que a gente tem visto crescer de forma muito preocupante é a violência online. A Abraji [Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo] fez uma contagem dos ataques online em 2020 e viu um crescimento de 140% em relação ao ano anterior e principalmente direcionado à mulheres. Ataque sexistas, misóginos e também voltado para minorias diversas”, destacou.
O documentário “Comunicação violada – o jornalismo sob ataque nas redes” foi produzido com apoio da Embaixada do Reino dos Países Baixos e está disponível nas redes do Criar Brasil.
Pela Vida
Além da estreia do documentário, na última terça-feira o Criar Brasil também promoveu o tuitaço #PelaVidaDeJornalistas. A ação contou com a adesão de diversos comunicadores e comunicadoras e chegou a ficar entre os 10 assuntos mais comentados na rede social durante o dia.
Leia mais: Não há democracia popular sem segurança no jornalismo comunitário
Segundo a organização, a campanha pela segurança de jornalistas e comunicadores populares deve permanecer durante todo o mês de novembro. Nas redes do Criar, a mensagem é clara e direta: “Proteger o/a jornalista é proteger a democracia!”.
Edição: Jaqueline Deister