Redação
Desde a última sexta-feira (25) o Brasil está de luto pelas vítimas do ataque a escolas do município de Aracruz, no Espírito Santo. Munido de uma pistola 40 e um revólver 38, um jovem de 16 anos invadiu duas escolas – uma pública e outra particular – e atirou em alunos e professores. Três professoras e uma criança de 12 anos morreram e 13 pessoas ficaram feridas.
Segundo a Polícia Civil, após ser apreendido, o atirador confessou o crime. As armas utilizadas pertenciam ao pai do adolescente, que é tenente da Polícia Militar do Espírito Santo (PM-ES). Em coletiva de imprensa, o investigador do caso, André Jaretta, disse que, na versão apresentada às autoridades policiais, o adolescente declarou que não tinha alvo específico e disparou de forma aleatória.
Ainda de acordo com a polícia, o assassino é “simpatizante de ideias nazistas” e planejava o atentado há dois anos. O telefone e o computador do atirador ainda estão sendo analisados. Até o momento, o assassino deve responder por ato infracional análogo a três homicídios e a 10 tentativas de homicídio qualificadas. Em relação ao pai do atirador, a PM informou que instaurou um processo administrativo para apurar como o adolescente teve acesso às armas.
Ataque
Os crimes ocorreram por volta das 9h50. Vestido com uma farda camuflada e com o rosto coberto, o atirador arrombou o cadeado do portão da escola pública Primo Bitti e foi direto à sala dos professores, onde atirou em professoras. Duas morreram na hora.
Em seguida, ele voltou ao carro – um Renault Duster dourado – e seguiu para a escola particular Centro Educacional Praia de Coqueiral, onde efetuou novos disparos, matando uma menina de 12 anos. Após o segundo ataque, o assassino fugiu e foi apreendido horas mais tarde de sexta em uma das casas da família.
Vítimas
As vítimas fatais são a estudante Selena Sagrillo, e as professoras Maria da Penha Pereira de Melo Banhos, Cybelle Passos Bezerra e Flávia Amboss Merçon Leonardo. Maria da Penha e Cybelle morreram na hora, na escola Primo Bitti. Flávia chegou a ser encaminhada para o hospital, mas não resistiu e faleceu no sábado (26).
Além de professora de sociologia, Flávia também era militante do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) no Espírito Santo. Assim como o MAB, outras organizações como o Instituto Socioambiental (ISA) e o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) publicaram notas públicas lamentando o falecimento da professora e pesquisadora se solidarizando com familiares, amigos e alunos.
“Flávia Amboss, nossa companheira de luta e sonhos foi a quarta vítima do ataque em Aracruz (ES). Cobramos justiça e a apuração do caso. Venceremos o fascismo e vamos superar esse momento em nosso Brasil. FLÁVIA PRESENTE!”, publicou o MAB.
“Pesquisadora comprometida com a defesa dos direitos de populações pesqueiras afetadas por desastres socioambientais, Flavia Merçon defendeu na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) a tese Imprensados no tempo da crise: a gestão das afetações no desastre da Samarco (Vale e BHP Billiton) e a crise como contexto no território tradicionalmente ocupado na foz sul do rio Doce”, relembrou o ISA.
“Militante valorosa do MAB no Espírito Santo, Flávia nos deixa fisicamente, mas seguirá conosco na luta contra todas as formas de violência”, destacou o MST.
*Com informações do G1 e Fórum
Edição: Jaqueline Deister