Redação
Um levantamento realizado pelo Instituto Sou da Paz revela que o Congresso Nacional e as Assembleias Legislativas estaduais serão compostos por 103 parlamentares ligados às Forças Armadas e às forças de segurança do país.
De acordo com o instituto, a nova “bancada da bala” eleita em 2022 é formada por 57 deputados estaduais, 44 deputados federais e dois senadores que são ou já foram policiais civis, policiais militares, bombeiros, policiais federais e integrantes do exército.
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A identificação dos parlamentares eleitos que tiveram passagem pelas Forças Armadas ou pelas polícias, foi feita com base nas profissões informadas ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) nos registros de candidatura. Além disso, o Sou da Paz também apurou quais empregos os políticos tiveram no passado.
Segundo a pesquisa, dos 57 deputados estaduais da nova bancada da bala, 26 são ou foram ligados à Polícia Civil, 23 estiveram na Polícia Militar (PM), um no Corpo de Bombeiros, cinco eram do Exército e dois da Polícia Federal (PF). Já entre os deputados federais, 13 atuam na Polícia Civil, 16 são ou já foram policiais militares, dois têm ligação com o Corpo de Bombeiros, cinco com o Exército, e oito são policiais federais.
Na lista dos deputados federais destacam-se os nomes de Eduardo Pazzuello (PL-RJ), general do Exército e ex-ministro da Saúde do governo Bolsonaro; Hélio Lopes (PL-RJ), subtenente do Exército e ex-assessor de Jair Bolsonaro (PL); e Eduardo Bolsonaro (PL-SP), policial federal, deputado reeleito e filho do presidente da República.
No Senado, os dois representantes da bancada da bala também participaram da governo de Jair Bolsonaro. São eles o general da reserva do Exército e atual vice-presidente da República, Hamilton Mourão (Republicanos-RS), e o tenente-coronel da Força Aérea Brasileira (FAB) e ex-ministro da Ciência Tecnologia e Inovação, Marcos Pontes (PL-SP).
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De acordo com o Sou da Paz, o número de policiais candidatos a cargos legislativos em 2022 foi o maior dos últimos 20 anos. Na opinião do instituto, o aumento de profissionais vindo das forças de segurança concorrendo na política partidária impactou no crescimento da bancada armamentista que assumirá mandato em 2023.
“Muitos desses parlamentares são alinhados ao interesse da indústria de armas, em oposição a políticas de segurança eficientes e baseadas em evidências”, publicou o instituto em rede social.
Segurança
Dos 103 parlamentares ligados às forças armadas e de segurança que tomarão posse em 2023, a maioria pertence a partidos da base aliada de Bolsonaro ou do chamando “centrão”, como o PL, PP, União Brasil e Republicanos. Contudo, chama atenção na lista a presença de representantes de partidos de oposição ao presidente, como é o caso da Delegada Adriana Accorsi, eleita deputada federal pelo PT de Goiás, e dos deputados estaduais Delegado Inacio (PDT-AP), Delegada Gleide Angelo (PSB-PE), Delegada Martha Rocha (PDT-RJ) e Leonel Radde (PT-RS).
Por defenderem uma política de segurança voltada para a defesa dos direitos humanos no país, tais parlamentares fazem questão de não serem associados à “bancada da bala”. A delegada Adriana Accorsi, por exemplo, em entrevista ao G1, preferiu nomear como “bancada da segurança”.
Atualmente, a Frente Parlamentar de Segurança Pública da Câmara dos Deputados conta com 288 membros, dos quais 171 foram reeleitos.
Para a próxima legislatura, temas como a redução da maioridade penal, a flexibilização das leis para a compra de armas e munições por CACs (Colecionadores, Atiradores e Caçadores) e o excludente de ilicitude para policiais envolvidos em operações que resultem em mortes de suspeitos devem retornar à pauta do Congresso. Inclusive, durante a campanha eleitoral o presidente Jair Bolsonaro tem afirmado que espera que os parlamentares eleitos aprovem a redução da maioridade penal nos próximos anos.
*Com informações do G1 e Folha de S. Paulo
Edição: Jaqueline Deister