Redação
O candidato à presidência do Equador, Fernando Villavicencio, foi assassinado a tiros na última quarta-feira (9). O político saía de um comício eleitoral em Quito quando foi baleado três vezes na cabeça.
De acordo com a polícia equatoriana, nove pessoas ficaram feridas no atentado, e seis foram presas. Um dos suspeitos foi morto em uma troca de tiros com a polícia.
Horas após o assassinato, ainda na quarta-feira, a facção criminosa “Los Lobos”, uma das maiores do país, reivindicou a autoria do crime. Em vídeo divulgado na internet, o grupo afirma que teria pago milhões de dólares para financiar a campanha do candidato. “É isso que acontece com políticos corruptos que não cumprem suas promessas”, diz um trecho do vídeo.
A morte de Villavicencio ocorre a praticamente dez dias do primeiro turno das eleições presidenciais do Equador, que está previsto para o dia 20 de agosto. Na madrugada desta quinta-feira (10), o presidente do país, Guillermo Lasso, decretou estado de emergência no país durante 60 dias, mas garantiu que o processo eleitoral será mantido.
O governo equatoriano também decretou luto oficial de três dias para homenagear o político assassinado.
Perfil
Fernando Villavicencio tinha 59 anos e era jornalista investigativo e ex-sindicalista. Na política, foi membro da Assembleia Nacional do Equador entre 2021 e 2023 e se declarava defensor das causas sociais indígenas e dos trabalhadores.
Como jornalista, Villavicencio foi responsável por revelar casos de corrupção no governo do ex-presidente Rafael Correa, o que lhe rendeu uma condenação a 18 meses de prisão, em 2014, por injúria e difamação. À época, o jornalista recebeu asilo político no Peru.
Nos últimos anos, o político havia sido alvo de ameaças e chegou a sofrer um atentado em 2022. Embora não fosse um dos favoritos à eleição, o candidato se destacava por denunciar a atuação de grupos do crime organizado transnacional no Equador.
Eleições
No dia 20 de agosto o Equador deverá eleger um presidente, vice-presidente e 137 parlamentares para a Assembleia Nacional.
A data das eleições gerais teve que ser antecipada após a dissolução da Assembleia Nacional pelo presidente Guillermo Lasso em maio deste ano. A dissolução ocorreu em meio ao julgamento de um processo de impeachment contra o presidente. Na época, Lasso alegou que a dissolução teria sido necessária para pôr fim à “crise política grave e comoção interna”.
Nesta quinta-feira, o presidente e banqueiro disse estar “indignado e consternado” pelo assassinado de Villavicencio. Segundo ele, “este crime não ficará impune”. “O crime organizado já foi muito longe, mas sobre ele cairá todo o peso da lei”, afirmou Lasso.
Até esta semana, as pesquisas de intenção de voto apontavam a liderança de Luísa Gonzales, do partido Revolução Cidadã, na corrida presidencial.
O estado de exceção decretado por Lasso permite que as Forças Armadas apoiem o trabalho da polícia nas ruas e autoriza o presidente a suspender ou limitar os direitos de inviolabilidade de residência e correspondência, e os de liberdade de trânsito, reunião e de informação.
Só em 2022, quatro candidatos de governos locais foram assassinados no Equador. As vítimas pertenciam a tendências políticas diversas.
* Com informações da Agência Brasil, Brasil de Fato e G1