

No último domingo (16), na Argentina, foram realizadas as eleições primárias para determinar os candidatos à presidência, vice-presidência e aos cargos de deputados e senadores em todo país.
O surpreendente vencedor das primárias abertas, com 30% dos votos, foi Javier Milei, candidato do partido “La Libertad Avanza”. Milei é um declarado negador dos crimes da última ditadura que em apenas dois anos se tornou uma figura de destaque na mídia graças às suas explosões contra o Estado, os direitos trabalhistas e a diversidade sexual. O candidato se declara abertamente a favor da privatização da educação e da saúde pública, da dolarização da economia e do fechamento do Banco Central, considerando que ele impede a liberdade do mercado.
Em segundo lugar, com 28,3% dos votos, ficou o partido do ex-presidente Mauricio Macri, “Juntos por el Cambio”. A ex-ministra da Segurança, Patricia Bulrrich, obteve a votação com um discurso que apelava para a mão de ferro e a “ordem”, além de um profundo ajuste fiscal.
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Em terceiro lugar, com 27,3%, ficou o partido governista “Unión por la Patria”, cujo candidato foi o atual ministro da Economia, Sergio Massa. Sua primeira medida após o anúncio dos resultados das eleições foi a desvalorização de mais de 20% de peso argentino, levando a taxa de câmbio oficial do dólar para 350 pesos, enquanto a taxa de câmbio paralela chegou a 685 pesos.
Massa, um político que cultivou laços profundos com a embaixada dos Estados Unidos no país, é o principal interlocutor do governo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), que deu sua aprovação ao ajuste pós-eleitoral e confirmou o desembolso de 7,5 bilhões de dólares para a próxima semana.
O cenário de direita da oferta política do país talvez seja a mensagem mais clara deixada por essas primárias, que terão de ser resolvidas em 22 de outubro nas eleições nacionais.
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Na Argentina, para ser eleito presidente no primeiro turno, o candidato deve obter mais de 45% dos votos, ou pelo menos 40% dos votos e uma diferença percentual de mais de 10 pontos em relação ao segundo colocado. Caso contrário, os dois candidatos com mais votos devem concorrer em um segundo turno, marcado para 19 de novembro.
Edição: Filipe Cabral