Redação
Após reviravoltas no jogo político nacional, o Congresso deve instalar esta semana a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investigará os ataques às sedes dos Três Poderes ocorridos no dia 8 de janeiro. De acordo com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que também comanda o Congresso, o pedido de criação da CPMI dos atos antidemocráticos será lido na próxima quarta-feira (26).
De acordo com o requerimento, a Comissão será composta por 15 deputados e 15 senadores titulares, com número igual de suplentes – todos indicados pelos blocos partidários em ambas as Casas. A presidência e relatoria do colegiado serão definidas por eleição na própria sessão de instalação. O prazo para a conclusão das investigações é de 180 dias.
O requerimento com o pedido de abertura da CPMI foi protocolado ainda em fevereiro pelo deputado de oposição André Fernades (PL-CE). Segundo o próprio parlamentar, a Comissão teria como propósito apurar “todos os atos de ação e omissão ocorridos no último 8 de janeiro em Brasília”.
Além de atrapalhar a agenda de votação do governo no Congresso – que inclui temas como, por exemplo, a Reforma Tributária –, os parlamentares de oposição defendiam que a CPMI poderia apontar um suposto envolvimento do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nos atos criminosos praticados no Distrito Federal. A tese chegou a ganhar força com o vazamento de imagens, pela CNN Brasil, em que o então ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Gonçalves Dias, aparece no Palácio do Planalto entre os golpistas sem nenhuma atitude efetiva para detê-los.
Contudo, após a demissão do chefe do GSI – feita a pedido do próprio militar – e a abertura das imagens das 33 câmeras de segurança do Planalto, por ordem do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, a bancada governista no Congresso decidiu também apoiar a abertura da CPMI.
Reviravolta
Até a última semana, quando as imagens de Dias foram vazadas, os apoiadores do governo Lula argumentavam que a CPMI era desnecessária pois os Poderes Executivo e Judiciário já estariam cumprindo com o trabalho na investigação dos atos golpistas. Agora, os aliados do Planalto vêem a abertura da Comissão como uma oportunidade de esclarecer de uma vez os fatos e identificar os responsáveis – inclusive parlamentares – pelos ataques em Brasília.
Os governistas lembram que o próprio autor do requerimento de abertura da CPMI, deputado André Fernandes, é alvo de inquérito aberto na Polícia Federal por suspeita de incentivar os atos golpistas. O nome do cearense foi incluído na investigação autorizada pelo STF por divulgar, com dois dias de antecedência, a manifestação que resultou nos ataques.
“Estou convencido de que essa CPI vai ser um tiro no pé dos bolsonaristas, porque uma coisa eles não vão conseguir mudar com falsas narrativas: todos sabem que foram as bases bolsonaristas que atuaram naquele dia 8 de janeiro. Nós vamos com muita energia pra essa CPI. Estamos separando os melhores quadros para estarem lá”, disse o deputado Lindbergh Farias (PT-RJ) em coletiva de imprensa realizada na última quinta-feira (20).
Nas redes sociais, a deputada federal presidenta nacional do Partido dos Trabalhadores, Gleise Hoffman (PT-PR), também fez questão de se pronunciar sobre a pauta.
“Resumo da ópera, imagens divulgadas pelo Fantástico mostram que CPI vai ser bem ruim pros golpistas. Melhor coisa foi abrir o sigilo desse material. Semana passada foram 100 denunciados, agora STF julga mais 200. Com a CPI vamos pegar o restante. Nada vai ficar incólume depois dessa tentativa de golpe”, publicou a petista.
*Com informações da Agência Senado, Carta Capital e Brasil de Fato
Edição: Jaqueline Deister