A seleção brasileira de futebol feminino foi eliminada, nesta quarta-feira (2), da Copa do Mundo da FIFA realizada na Austrália e Nova Zelândia. A equipe brasileira empatou em 0 a 0 com a Jamaica na terceira e última rodada da fase de grupos.
Com o placar, o Brasil encerrou sua participação no Mundial com quatro pontos, ficando na terceira colocação do Grupo F, atrás de França e Jamaica, que se classificaram para a próxima fase. O lanterna do grupo foi o Panamá, que foi derrotado pela França por 6 a 3 nesta quarta-feira. Desde 1995 a seleção brasileira não era desclassificada na fase de grupos.
Além da eliminação, a derrota para a Jamaica também marcou a despedida de Marta das Copas do Mundo. Aos 37 anos, a atacante encerrou sua trajetória em mundiais com seis participações e 17 gols marcados, o que lhe confere o título de maior artilheira das Copas, tanto femininas como masculinas.
“Continuem apoiando a seleção. A Marta acaba por aqui, não tem mais Copa para a Marta. Eu estou muito grata pela oportunidade que tive de jogar mais uma Copa e muito contente com tudo aquilo que vem acontecendo no futebol feminino do nosso país e de todo o mundo. Continuem apoiando”, pediu a camisa 10.
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De acordo com a comentarista do Planeta Futebol Feminino (PFF), Taís Viviane, o legado deixado pela “Rainha Marta” – como passou a ser reconhecida no mundo do futebol – é “eterno”. Segundo ela, “nada vai apagar o que a Marta fez”.
“A Marta representa um dos maiores – senão o maior – nome do futebol feminino de todos os tempos. O legado dela é eterno, é muito maior do que essa eliminação. Disputou final de Copa do Mundo, foi campeã de Champions, muitos anos jogando o mais alto nível do futebol. Então nada vai apagar o que a Marta fez”, afirmou à Pulsar.
Eliminação
Sobre a despedida da seleção brasileira ainda na fase de grupos, Taís classificou como “vexatória”. Ao analisar o empate sem gols contra a Jamaica, a comentarista destacou o “desempenho muito ruim do Brasil” como o principal fator da eliminação.
“Havia a pressão desse confronto, o Brasil chegava precisando vencer a Jamaica para conseguir avançar. A equipe foi tomada pelo nervosismo e pelas decisões ruins da treinadora Pia Sunhadge, que demorou muito a mexer no time. Havia também, por parte de muitas, a inexperiência de uma primeira Copa do Mundo. Acho que o grupo sentiu essa pressão. Mas o principal fator foi o desempenho ruim em campo. O Brasil não conseguiu jogar bola de maneira interessante. Teve uma construção pobre, errando muitos passes. Acho que esse foi o principal fator”, avaliou a comentarista.
Taís também destacou a frustração causada por uma eliminação justamente no momento em que a seleção feminina atravessa uma de suas melhores fases em termos de apoio, investimento e estrutura de trabalho.
“É mais frustrante ainda que essa eliminação venha no ciclo que o Brasil fez a sua melhor preparação, que venceu uma Alemanha fora de casa em abril, que conseguiu um empate contra a Inglaterra, que conseguiu outros tantos bons resultados ao longo desse ciclo. Dessa vez a gente viu uma preparação muito bem feita. Um ciclo com profissionais qualificados, o Brasil indo de voo fretado para a Austrália, passando quase 20 dias nessa fase de preparação, com a sua maior comissão na história”, ressaltou à Pulsar.
Copa do Mundo 2023
Apesar da decepção com a saída da seleção canarinho da competição, a comentarista do PFF reforça que a Copa Feminina 2023 continua e “tem sido um mundial muito legal de assistir”.
“A gente está vendo um equilíbrio tremendo entre as seleções que são consideradas mais favoritas e as menos favoritas. A minha expectativa é que a gente veja um mata-mata ainda mais legal do que tem sido essa primeira fase. Mais disputado e com mais surpresas, quem sabe?”, observou.
Em relação à fase eliminatória que iniciará no próximo sábado (5), Taís sublinha que, embora seleções como as dos Estados Unidos – a maior campeã da modalidade – e da Inglaterra não possam ser descartadas, esta tem sido “uma Copa do Mundo aberta a surpresas”.
“Se fosse para olhar alguém com mais carinho, eu olharia para o Japão. Acho que foi quem mais me fascinou nessa primeira fase. A Holanda conseguiu se reconstruir do que tinha sido uma Eurocopa ruim no ano passado e também chega bem competitiva. A Espanha tem as suas questões internas, mas tem a sua melhor geração. Então eu estou curiosa para ver o que vai acontecer”, concluiu.
Edição: Jaqueline Deister