Entre os diversos pontos questionáveis e polêmicos sobre a organização dosJogos Mundiais dos Povos Indígenas (JMPI), um deles ganhou bastante evidência: o critério de escolha das etnias participantes. São mais de 40 etnias, sendo 23 nacionais.
Perguntado sobre o critério utilizado, Marcos Terena, organizador do evento e integrante do Comitê Intertribal, afirma que a incompreensão foi gerada devido a um processo de escolha puramente indígena. Segundo o que ele chama de geografia indígena, foram escolhidas as etnias de acordo com os diferentes biomas do mundo e do Brasil. Esta justificativa ou qualquer outra dada por Marcos não foi aceita por grande parte dos indígenas.
A etnia Kraô foi a primeira a declarar a não participação no megaevento. Em ofício encaminhado em setembro aos organizadores dos JMPI, os 28 caciques Kraô questionaram o governo financiar os Jogos e ao mesmo tempo promover um genocídio da população indígena Guarani Kaiowá no Mato Grosso do Sul.
Na sequência foi o povo Apinajé que se recusou a participar. De acordo com a liderança Antônio Apinajé, durante uma assembleia foi preciso um dia inteiro de discussões para se chegar no documento final divulgado. Cerca de 70 lideranças questionaram os Jogos e falaram sobre suas prioridades.
Entre os principais pontos levantados estavam as prioridades dos Apinajé, que eles consideram prioridades para os povos indígenas de um modo geral, como demarcação de terras, saúde indígena e fim da violência. Antônio acredita que só pode haver comemoração depois que todos os problemas foram resolvidos. (pulsar)