Redação
Começou esta semana a 7ª edição da campanha dos 21 Dias de Ativismo Contra o Racismo. Como nos anos anteriores, a ação foi iniciada no dia 1º de março e segue até o dia 21, quando é celebrado o Dia Internacional de Luta pela Eliminação da Discriminação Racial.
Organizada de forma coletiva por movimentos, coletivos, escolas, universidades, sindicatos, artistas, intelectuais e ativistas ligados à luta antirracista, a campanha reúne atividades e trabalhos de organizações e personalidades negras em uma agenda que expressa a amplitude do combate ao racismo em nosso país.
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Em 2023, a campanha exalta a importância de se defender a democracia após os ataques terroristas do dia 8 de janeiro em Brasília. Ao mesmo tempo, reforça a necessidade de ampliar o enfrentamento ao racismo estrutural para que a sociedade brasileira alcance de fato uma democracia plena – o que, segundo os organizadores da campanha, “está longe de existir no Brasil”.
“A juventude negra continua sendo o alvo principal das forças policiais. A mulher negra sofre cada vez mais violências e violações. Seja no trabalho, na educação, ou nos alarmantes índices de mortalidade materna. As religiões afro-brasileira permanecem sob a mira de ataques de religiosos pentecostais. Os povos indígenas lutam em defesa da vida, de suas terras e de suas tradições, e pelo fim das contaminações em suas terras e rios. O mesmo pode se dizer em relação às comunidades quilombolas. A fome, o desemprego e a falta de oportunidades continuam sendo grandes tormentos para a vida das pessoas pobres no Brasil”, destaca o texto de apresentação da campanha.
Ainda de acordo com a organização, este ano a campanha alcançou um novo recorde com mais de 320 atividades inscritas em diferentes estados do país e, inclusive, no exterior.
Entre as organizações que participam da ação estão o Movimento Negro Unificado (MNU), a Casa Sueli Carneiro, o Instituto de Pesquisa e Estudos Afro-Brasileiros (Ipeafro), a Rede de Desenvolvimento Humano (Redeh), a Iniciativa Direito à Memória e Justiça Racial (IDMJR), o Coletivo Negro da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o Centro de Teatro do Oprimido (CTO) e o Movimento Negro Evangélico do Rio de Janeiro.
Confira todas as atividades programadas na agenda da campanha.
Memória
O dia 21 de março foi instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU) como o Dia Internacional de Luta pela Eliminação da Discriminação Racial em referência ao “Massacre de Sharpeville”, ocorrido na África do Sul em 21 de março de 1960. Neste dia, 69 pessoas negras foram assassinadas em uma manifestação contra o regime do Apartheid na África do Sul.
O massacre ocorreu no bairro de Sharpeville, na cidade de Johanesburgo, quando cerca de 20 mil pessoas protestavam pacificamente contra a Lei do Passe, que ditava por onde a população negra deveria circular. Além das 69 vítimas fatais, outras 186 pessoas foram feridas pela polícia do Apartheid.
Implementado em 1948, o regime de Apartheid persistiu até 1991 na África do Sul. Três anos depois, em 1994 o país realizou as primeiras eleições multirraciais e democráticas, que foram vencidas pelo Congresso Nacional Africano, sob a liderança de Nelson Mandela.
No Brasil, a partir deste ano, o dia 21 de março também marcará o Dia Nacional das Tradições das Raízes de Matrizes Africanas e Nações do Candomblé. A celebração foi instituída pela Lei 14.519, aprovada pela Câmara dos Deputados em dezembro de 2022 e sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em janeiro deste ano.
*Com informações da Campanha 21 Dias de Ativismo Contra o Racismo e Casa Sueli Carneiro
Edição: Jaqueline Deister