A crise política brasileira tomou novos rumos desde o anúncio da delação do dono da JBS, Joesley Batista, na última quarta-feira (17). As gravações apresentadas pelo empresário mostram a tentativa do presidente Michel Temer (PMDB) e do então senador Aécio Neves (PSDB) de obstrução de Justiça da Operação Lava Jato. Além de revelar mais uma das faces da corrupção sistêmica na política do Brasil.
As conversas gravadas pelo magnata foram divulgadas na quinta-feira (18) para a imprensa. Em um dos áudios, o senador Aécio Neves pede 2 milhões de reais à Batista. Após a revelação, o ex-candidato à Presidência da República das últimas eleições, teve o seu mandato de senador suspenso pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e se licenciou da presidência do PSDB, partido aliado de Temer no Planalto.
Já Michel Temer alegou inocência e, contrariando a expectativa de muitos comentaristas políticos, ressaltou em pronunciamento oficial realizado na tarde de quinta-feira (18) que não vai renunciar à Presidência da República.
Em meio à crise política, uma onda de protestos se alastrou pelas principais capitais do país exigindo a saída imediata de Michel Temer do poder. Oposição, movimentos sociais e manifestantes ocuparam as ruas pedindo a convocação de eleições diretas. No cenário de forte fragilização da democracia, a Pulsar Brasil conversou com o cientista político e professor da Universidade Federal Fluminense (UFF), Márcio Malta sobre o futuro do Brasil.
Para o cientista político, a sociedade civil fará forte pressão para o impeachment de Temer. Malta chamou a atenção para a ‘mudança de lado’ da mídia brasileira, que, desde as últimas denúncias, deixa de apoiar o presidente. Para o professor da UFF, a falta de apoio para a realização das reformas da Previdência e do Trabalho seria um dos principais fatores para a imprensa também aderir a campanha pela queda de Temer.
Na entrevista concedida à Pulsar, Malta fez criticas ao processo de ‘vazamento seletivo’ da Lava-Jato, que ainda segue privilegiando um único meio de comunicação. Além disso, o cientista político também destacou em sua fala a ilegitimidade do processo de impeachment contra Dilma Rousseff e a insustentabilidade política de Temer após as denúncias.
Até o fechamento desta edição, oito pedidos de impeachment contra Michel Temer foram protocolados após a revelação de que ele teria tentado ‘comprar o silêncio’ de Eduardo Cunha. (pulsar)