Para celebrar o Dia Internacional de Luta Contra os Agrotóxicos, nesta sexta-feira (3) uma série de artistas, organizações e movimentos sociais se reunirão no Festival Cultural Pela Vida e Contra os Agrotóxicos.
O evento será transmitido online e contará com apresentações do ator e humorista Gregório Duvivier; do Projeto Estado de Emergência, do Mato Grosso; do grupo Mandicuera de fandango caiçara, do litoral paranaense e do grupo musical As Cantadeiras. Também são aguardadas as participações de Ana Chã, integrante do Setor de Cultura do Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST) e do cineasta Kleber Mendonça Filho, diretor de filmes como Bacurau (2019) e Aquarius (2016).
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Segundo a organização do festival, o objetivo do encontro é “denunciar os malefícios trazidos pelo veneno e anunciar a agroecologia como saída para garantir alimentos saudáveis e vida no planeta”. Além de apresentações artísticas, a programação contará com intervenções presenciais de rua, depoimentos e receitas agroecológicas da Cooperativa de Produção Agropecuária Vitória (Copavi).
O Festival Cultural Pela Vida faz parte da Jornada de Lutas Contra os Agrotóxicos, que ocorre em todo o Brasil desde o dia 27 de novembro e segue até o próximo dia 11.


O evento será transmitido às 18h pelos canais da Campanha Permanente contra os Agrotóxicos e Pela Vida no Facebook e Youtube.
Contra o veneno
O Dia Internacional de Luta contra os Agrotóxicos foi instituído pela Pesticide Action Network (PAN) como forma de recordar a tragédia ocorrida há mais de trinta anos na cidade de Bhopal, na Índia.
Na madrugada do dia três de dezembro de 1984, aproximadamente 27 toneladas do gás isocianato de metila vazaram de uma fábrica da Union Carbide Corporation em uma zona povoada de Bhopal. Mais de duas mil pessoas morreram na hora e cerca de 600 mil tiveram sequelas nos anos seguintes.
No Brasil, a data foi incorporada pela Campanha Contra os Agrotóxicos, que lembra que os problemas decorrentes da aplicação de veneno têm se agravado desde a chegada de Jair Bolsonaro (PL) à presidência.
De janeiro 2019 até hoje, o governo federal liberou 1507 substâncias para circularem no mercado nacional. Com isso, o país tem se tornado um dos principais destinos da produção internacional de agrotóxicos e, em contrapartida, um dos grandes produtores, consumidores e exportadores mundiais de alimentos contaminados.
Dossiê
Em 2021, a Campanha Contra os Agrotóxicos publicou o “Dossiê Contra o Pacote do Veneno e Em Defesa da Vida”.
Segundo Wanderlei Pignati, pesquisador do Núcleo de Estudos Ambientais e Saúde do Trabalhador da Universidade Federal de Mato Grosso (NEAST/UFMT) a publicação “relata as diversas manobras do Congresso Nacional nas tentativas de aprovar o ‘Pacote do Veneno’ (Projeto de Lei nº 6.299/02) e analisa e denuncia as propostas perversas do agronegócio e das indústrias agroquímicas e seus aliados no Executivo e Legislativo no sentido de aumentarem ainda mais a venda e o uso de agrotóxicos, consequentemente, ampliando a intoxicação da vida (vegetal, animal e ambiental) no território brasileiro”.
Ainda de acordo com Pignati, o Dossiê “aponta esperanças e alternativas para enfrentar este conluio de morte, mostrando práticas e trazendo propostas baseadas na produção agroecológica, de caráter coletivo, democrático, de promoção da vida e produção de alimentos saudáveis”.
Edição: Jaqueline Deister