

O presidente argentino, Alberto Fernández, anunciou esta semana a entrada do país no Brics, grupo de economias emergentes que inclui Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. A notícia foi formalizada na quinta-feira (25), ao final da 15ª cúpula do Brics, em Joanesburgo, pelo presidente sul-africano Cyril Ramaphosa.
Além da Argentina, a Arábia Saudita, o Egito, a Etiópia, os Emirados Árabes Unidos e o Irã foram aprovados como membros e passarão a integrar o bloco a partir de janeiro de 2024.
O chefe de Estado argentino considerou que, com essa incorporação, “abre-se um novo cenário” para o país, que será “protagonista de um destino comum em um bloco que representa mais de 40% da população mundial”.
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Por sua vez, o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva (PT), um dos principais promotores da incorporação da Argentina ao bloco, saudou a entrada e publicou em sua conta no Twitter: “A relevância dos Brics é confirmada pelo crescente interesse demonstrado por outros países em se juntar ao grupo”.
O apoio do Brasil não se deve apenas à afinidade política entre os dois governos, mas também a um interesse comercial. A adesão permitirá o comércio em yuan (moeda chinesa) entre os dois países e a possibilidade de acesso a crédito barato para investimentos em infraestrutura, como a construção da segunda seção do gasoduto Vaca Muerta, no sul da Argentina, que viabilizará a exportação de gás para o Brasil.
Para a Argentina, a participação no Brics proporciona uma melhor posição para futuras negociações com instituições financeiras ocidentais e ancora sua posição internacional em um novo sistema fora da hegemonia dos Estados Unidos. Esse interesse também é compartilhado pela Rússia e pela China, que buscam consolidar sua influência na América Latina.
Por outro lado, os dois principais candidatos a presidente nas próximas eleições nacionais de outubro, que obtiveram o maior número de votos nas primárias de agosto, expressaram sua rejeição e prometeram romper com os Brics se forem eleitos.
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Em reunião organizada pelo Conselho das Américas entre empresários e executivos norte-americanos, a candidata do Juntos por el Cambio, Patricia Bullrich, criticou a possível relação do país com a Rússia e o Irã e recebeu o apoio de seu líder politico e ex-presidente, Mauricio Macri. Já o candidato de extrema direita, Javier Milei, argumentou que seu governo não fará alianças com “comunistas”.
Edição: Filipe Cabral