A cerimônia de posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reuniu milhares de apoiadores na Praça dos Três Poderes e na Esplanada dos Ministérios em Brasília no último domingo (1º).
Caravanas de todo o país chegaram à capital federal para a cerimônia. A maior parte do público acompanhou a posse a partir de telões que estavam na Esplanada. A entrada da população na Praça dos Três Poderes foi restrita a 40 mil pessoas por questões de segurança.
A vigilante Meryane Bastos viajou cerca de 735km de Belo Horizonte, Minas Gerais, até Brasília para a posse. À Pulsar Brasil ela contou que veio em uma caravana do Sindicato dos Trabalhadores em Educação da Rede Pública Municipal de Belo Horizonte (Sind-Rede/BH). “É um ato histórico. É resistência, principalmente depois de tudo o que a gente passou nesses seis anos de retrocesso”, contou Bastos que também é militante do Partido dos Trabalhadores (PT).


Já a auxiliar de serviços gerais, Tereza de Oliveira, encarou uma viagem de 14 horas do município de João Monlevade, no interior de Minas Gerais, até a capital federal para ver de perto a cerimônia. Com muita disposição e esperança, Oliveira acredita que dias melhores virão com a chegada de Lula ao poder. “É Lula! A gente vai até o fim do mundo. Eu tenho esperança que ele vai melhorar e muito as áreas da saúde e educação. Ele vai ajudar muito os pobres”, disse.
A rampa do povo
Um dos momentos mais marcantes da cerimônia ocorreu após Lula ser oficialmente empossado no Congresso Nacional e subir a rampa do Palácio do Planalto para receber a faixa presidencial.
Lula percorreu o trajeto acompanhado da primeira-dama Janja Silva, do vice-presidente Geraldo Alckmin e sua esposa, Lu Alckmin e de representantes do povo brasileiro, entre eles: o líder indígena do povo Kaiapó, o cacique Raoni Metuktire, 90 anos; o metalúrgico Weslley Viesba Rodrigues Rocha; o professor Murilo de Quadros Jesus; a cozinheira Jucimara Fausto dos Santos; o influenciador anticapacitista Ivan Baron; a catadora de material reciclável Aline Sousa; o estudante Francisco Filho; o artesão Flávio Pereira e Resistência, cachorra da primeira-dama Janja e do presidente Lula.
A faixa passou de mão em mão até chegar a catadora de material reciclável Aline Sousa que condecorou o presidente Lula sob forte aplauso do público presente.


Após receber a faixa, Lula voltou a discursar no Parlatório da sede do Executivo federal. Em sua fala o presidente agradeceu aos apoiadores por combaterem a “violência política” na campanha eleitoral e destacou o combate à miséria e à fome como eixos centrais do seu governo.
“Há muito tempo não víamos tamanho desalento nas ruas, mães garimpando lixo em busca de alimentos para os seus filhos, famílias inteiras dormindo ao relento, enfrentando o frio, a chuva e o medo, crianças vendendo bala ou pedindo esmolas, quando deveriam estar na escola vivendo plenamente a infância que tem direito, trabalhadores e trabalhadoras desempregados exibindo cartazes de papelão no semáforo com a frase que envergonha a todos: ‘por favor, me ajuda’. Fila nas portas dos açougues em busca de ossos para aliviar a fome e ao mesmo tempo filas de espera para a compra de automóveis e jatinhos importados. Tamanho abismo social é um obstáculo na construção de uma sociedade justa, democrática e de uma economia próspera e moderna”, disse o presidente emocionado que concluiu:
“Na luta pelo bem do Brasil, usaremos as armas que os nossos adversários mais temem: a verdade que se sobrepôs a mentira, a esperança que venceu o medo e o amor que derrotou o ódio”.