Redação
Uma adolescente foi morta e outro está internado em estado gravíssimo após um ataque a tiros dentro do Colégio Estadual Professora Helena Kolody, no município de Cambé, no Paraná, na manhã desta segunda-feira (19) . Segundo o governo do estado, o atirador, de 21 anos, era ex-aluno da instituição e teria entrado armado na escola alegando que precisava de uma cópia do histórico escolar.
De acordo com a secretaria de Segurança Pública do estado, o crime ocorreu por volta das 9h30. O autor dos disparos foi detido no próprio local e encaminhado para o município de Londrina, a 15 quilômetros de Cambé.
Segundo testemunhas, o ex-aluno teria disparado 12 vezes dentro da escola. Os tiros atingiram uma menina e um menino, ambos com idades entre 16 e 17 anos. A jovem morreu na hora. O jovem, ferido por um tiro na cabeça, foi levado para o Hospital Universitário da Universidade Estadual de Londrina. A unidade de saúde informou que a vítima está internada “em estado gravíssimo, em assistência ventilatória, sedado, monitorizado”. Ainda de acordo com as testemunhas, o casal estaria jogando tênis de mesa no momento que o atirador invadiu o local.
Além do revólver, os policiais apreenderam um machado que o atirador carregava na mochila. De acordo com a polícia, o motivo do crime ainda é desconhecido.
Segundo dados da secretaria de Educação do Paraná, o C.E. Professora Helena Kolody possui 41 turmas e quase 800 alunos ativos. A escola atende turmas de ensino fundamental e médio.
Após o crime, o governador Ratinho Júnior (PSD) determinou a suspensão das aulas, o reforço do patrulhamento nas escolas e decretou luto de três dias no estado.
Onda de ataques
O ataque em Cambé é o quinto episódio de violência em escolas brasileiras só neste ano.
No dia 11 de abril, em Santa Tereza de Goiás, em Goiás, duas estudantes foram feridas por um aluno de 13 anos que entrou armado com uma faca na Escola Estadual Doutor Marcos Aurélio. Na ocasião, o agressor foi contido por uma professora e, em seguida, apreendido pela polícia.
Um dia antes, em Manaus, no Amazonas, dois estudantes e uma professora foram feridos no Instituto Adventista de Manaus (IAM). O suspeito foi apreendido no local com armas brancas e um coquetel molotov.
Ainda em abril, no dia 5, um homem de 25 anos invadiu a creche Cantinho Bom Pastor, em Blumenau, em Santa Catarina, e matou quatro crianças de 4 a 7 anos. O agressor levava uma machadinha e, após fugir do local do crime, se apresentou à polícia e foi preso.
Na semana anterior, em 27 de março, um adolescente de 13 anos esfaqueou quatro professoras e um aluno dentro da Escola Estadual Thomazia Montoro, na zona oeste de São Paulo. Uma das professoras, de 71 anos,não resistiu aos ferimentos e morreu.
De acordo com levantamento do Instituto Sou da Paz, nos últimos 20 anos os ataques em escolas no Brasil fizeram 137 vítimas, das quais 45 morreram. O estudo revela que as armas de fogo foram responsáveis por 76% das mortes nas escolas.
Escola Segura
Para combater a violência nas escola o Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) deflagrou, em abril, a Operação Escola Segura. À época a operação integrava 51 chefes de delegacias de investigação e 89 chefes de agências de inteligência de Segurança Pública (Polícias Civis e Polícia Militar).
Além das ações preventivas e repressivas, o ministério lançou também um canal exclusivo para recebimento de informações de ameaças e ataques contra unidades de ensino.
De acordo com o ministro Flávio Dino, ainda em abril 302 pessoas haviam sido presas ou apreendidas pela Operação Escola Segura. Segundo o governo federal, foram registrados 593 boletins de ocorrência, 1.738 casos estão em investigação e foram expedidas 270 ações de busca e apreensão de armas a artefatos de grupos extremistas.
O canal de denúncias “Escola Segura” pode ser acessado através da internet por qualquer usuário. A pessoa interessada em fazer a denúncia não precisa se identificar. O Ministério da Justiça orienta que o denunciante insira o maior número de informações relevantes da ocorrência, tais como o Município, Estado, Escola da denúncia e Mídia Social de origem da ocorrência.
Devido ao crescimento dos casos neste ano, o serviço Disque 100 – serviço de atendimento telefônico gratuito destinado a receber demandas relativas a violações de Direitos Humanos – também passou a receber denúncias de ameaças de ataques a escolas.
*Com informações da Agência Brasil, G1, Folha de S. Paulo e O Globo.
Edição: Jaqueline Deister