Redação
Após dois anos sem festa por conta da pandemia de Covid-19 no Brasil, o carnaval está de volta em 2023. Contudo, de acordo com especialistas da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), embora a pandemia esteja em uma situação mais controlada neste ano, os foliões devem seguir atentos aos cuidados para evitar a transmissão de vírus respiratórios durante os dias de festa.
De acordo com o Boletim Infogripe Fiocruz, nas última semana a maioria do país registrou queda ou situação compatível com a oscilação natural de casos graves de problemas respiratórios. Apenas nove das 27 unidades federativas apresentam crescimento na tendência de longo prazo. São os casos de Alagoas, Amazonas, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Pará, Rondônia, Roraima e São Paulo. Em Alagoas, Ceará, Goiás e São Paulo, o levantamento destaca que o crescimento está concentrado em crianças e adolescentes.
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Ao comentar sobre o período de carnaval, o coordenador do InfoGripe, Marcelo Gomes, reforça que a transmissão de vírus respiratórios em geral é facilitada em eventos de grande aglomeração.
“A principal recomendação nesse Carnaval é em relação a quem está com sintomas respiratório próximo às festas, aos blocos e aos desfiles. Se a pessoa está carregando o vírus da Covid-19 ou influenza, que também continua em baixa, fica o alerta de evitar passar em grandes eventos porque pode facilitar o processo de aumento de casos na sua localidade”, ressaltou o pesquisador.
Vacinação
Ainda como prevenção a um possível aumento de casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), Gomes chama atenção para a campanha de vacinação de Covid-19 com a vacina bivalente, que será iniciada no dia 27 de fevereiro.
“É extremamente importante que ela tenha uma alta adesão. Caso, de fato, haja um novo ciclo de aumento de casos nos próximos meses, o que está dentro do esperado, é fundamental ficar em dia com a quantidade de doses recomendadas para o seu caso em particular para que isso não gere impacto significativo em casos graves”, explicou o coordenador do InfoGripe.
Até o momento, a imunização com a vacina bivalente está focada na população com maior risco de desenvolver casos graves de Covid-19, como idosos acima de 60 anos e pessoas com deficiência.
Dados
De acordo com o Boletim InfoGripe divulgado nesta quinta-feira (16), o país registrou queda no número de casos de SRAG em todas as faixas etárias adultas e crescimento entre crianças e adolescentes. Segundo Marcelo Gomes, o aumento no público infantil foi observado em estados de diferentes regiões do país.
“Como esse dado está concentrado somente entre o público infantil, isso é bastante sugestivo de que não se trata de Covid-19, mas sim outros vírus respiratórios, que eventualmente podem estar aproveitando o momento de retomada das aulas para gerar um impacto um pouco maior nesse grupo em particular”, afirmou o pesquisador.
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Segundo a Fiocruz, o Sars-CoV-2 (Covid-19) segue como responsável pela maioria dos casos de SRAG com resultado positivo para vírus respiratórios, com 57% do total. Em seguida estão o vírus sincicial respiratório (VSR), com 26,5% dos casos, o vírus influenza A, com 1,8%, e influenza B, com 1,6%.
Entre os óbitos, a presença dos vírus entre os positivos foi de 2,1% para influenza A, 0,7% para influenza B, 4,2% para VSR e 88,7% para Sars-CoV-2.
O Boletim InfoGripe destaca também que, embora ainda não reflita no agregado nacional, nas últimas semanas foi possível observar um aumento de casos positivos para os vírus influenza A e Sars-CoV-2 no estado do Amazonas. Apesar do volume relativamente baixo, a tendência pode ser um indicativo de início de temporada de crescimento de casos na região.
“Na semana passada, já tínhamos dado destaque ao ligeiro aumento dos casos positivos associados ao Influenza A no Amazonas, e, nessa atualização, o sinal já é mais claro. Por causar impacto na tendência de aumento de novos casos semanais nas semanas recentes entre o público adulto, esse dado requer um pouco mais de atenção”, avalia.
Edição: Jaqueline Deister