Redação
Em meio ao crescimento dos casos de dengue, chikungunya e zika no Brasil, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) anunciou, nesta quinta-feira (30), uma nova parceria com o World Mosquito Program (WMP), organização internacional que atua na prevenção de doenças transmitidas por mosquitos.
De acordo com as entidades, o acordo visa expandir o acesso no Brasil ao chamado “método Wolbachia”. A tecnologia que reduz a incidência de arborviroses através da introdução nos mosquitos de uma bactéria – chamada Wolbachia – que os impede de disseminar a dengue e outros vírus transmitidos pelo Aedes aegypti. Segundo as organizações, uma vez que os mosquitos têm a Wolbachia, eles naturalmente a transmitem para os descendentes, interrompendo a cadeia de propagação das doenças.
Com eficácia comprovada em 12 países, no Brasil, o Método Wolbachia tem financiamento do Ministério da Saúde, é conduzido pela Fiocruz e está presente no Rio de Janeiro (RJ), Niterói (RJ), Campo Grande (MS), Belo Horizonte (MG) e Petrolina (PE).
De acordo com Luciano Moreira, pesquisador da Fiocruz e líder do WMP Brasil, a nova parceria viabilizará a construção de uma biofábrica no país com capacidade de produzir até 100 milhões de mosquitos com Wolbachia por semana. O local de construção da biofábrica ainda não foi definido.
mas a previsão é de que o empreendimento possa entrar em operação até o início de 2024.
Além da construção da biofábrica, o projeto também prevê um aporte de R$80 milhões para ampliar a implementação do método em estados e municípios. Segundo Moreira, trata-se de uma estratégia de médio prazo, uma vez que o resultado após a soltura dos mosquitos com Wolbachia não é imediato.
“A velocidade de implantação do método varia de acordo com as características de cada município, mas, em geral, conseguimos ter um impacto real na redução dos casos de dengue em alguns anos após finalizada a implantação”, explica Moreira.
De acordo com o WMP, em Niterói, o número de casos de dengue foi reduzido em 70%, chikungunya em 56% e zika em 37%. Em cenários mais complexos, como o Rio de Janeiro, a redução da transmissão da dengue variou de 10% a 76%.
Epidemia
Dados do Ministério da Saúde divulgados na última quarta-feira (29) revelam que, até o momento, o Brasil registrou crescimento de 44% nos casos de dengue, 81% nas ocorrências de chikungunya e 124% no índice de pessoas com zika em comparação com o mesmo período de 2022.
O boletim também informa que foram registrados neste ano 136 óbitos por dengue e sete por chikungunya. Nenhuma morte por zika foi registrada até o momento, embora preocupem os 142 casos de gestantes contaminadas com o vírus.
O Centro-Oeste foi a região com maior incidência de dengue em 2023, com 254,3 casos por 100 mil habitantes. Em seguida vem o Sudeste, com 214,7 casos por 100 mil habitantes, e Sul, com 98,2 casos por 100 mil habitantes. Em relação à chikungunya, o Sudeste lidera a lista com 34,3 casos por 100 mil habitantes, seguido das regiões Nordeste, com 13,8 casos por 100 mil habitantes, e Norte, com 13,1 casos por 100 mil habitantes.
A região Norte foi a que apresentou a incidência de zika, com 2,8 casos por 100 mil habitantes, à frente das regiões Nordeste, com 1 caso por 100 mil habitantes e Sul, com 0,5 caso por 100 mil habitantes.
Emergência
Para monitorar o aumento de casos de dengue, zika e chikungunya e elaborar estratégias de controle e redução de casos graves e óbitos, o Ministério da Saúde instalou, no dia 15 de arço, o Centro de Operações de Emergências (COE Arboviroses).
De acordo com a pasta, o COE Arboviroses é uma estrutura organizacional que tem como objetivo promover a resposta coordenada de forma integrada e articulada com estados e municípios. A proposta é que o COE viabilize a análise de dados e informações para subsidiar a tomada de decisão dos gestores e técnicos no desenvolvimento de ações e estratégias voltadas aos componentes de vigilância epidemiológica, laboratorial, assistência e controle de vetores.
Ainda segundo o ministério, o plano de ação do COE Arboviroses possui vigência inicial de 30 dias, podendo ser ampliado de acordo com a situação epidemiológica.
*Com informações da Agência Fiocruz e do Ministério da Saúde