Rio de Janeiro, São Paulo, Distrito Federal, Ceará, Paraíba, Piauí e Pará. Estes são apenas alguns dos estados brasileiros que estiveram representados no lançamento do novo site da Agência Informativa Pulsar Brasil. Realizado na última segunda-feira (3), quando é comemorado o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, o evento on-line marcou o retorno às atividades da agência e mostrou que a comunicação comunitária e popular segue viva e atuante no Brasil.
O lançamento foi transmitido pela TV Nestante e contou a participação de parceiras e parceiros históricos da Agência Pulsar como Pedro Martins, representante nacional da Associação Mundial de Rádios Comunitárias (Amarc Brasil); Rosa Gonçalves, diretora da Rádio FM Comunitária Independência; Claudia Santiago, coordenadora do Núcleo Piratininga de Comunicação (NPC) e Adilson Cabral, professor de Comunicação da Universidade Federal Fluminense (UFF) e coordenador do Emerge – Centro de Pesquisas e Produção em Comunicação e Emergência. A mediação ficou por conta da jornalista Jaqueline Deister e o tema central do debate foi a importância da comunicação popular no atual contexto de crise do país.
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Para Pedro Martins, a volta da Pulsar representa o momento de retomada e rearticulação da Amarc Brasil. “O trabalho da agência é de fundamental importância para dar a nossa contribuição para uma comunicação que a gente acredita. Uma comunicação popular que faça as disputas políticas importantes para lutarmos por uma sociedade mais justa, igualitária e democrática”, apontou.
A coordenadora do NPC, Claudia Santiago, também destacou o papel social que a agência pode desempenhar na atual conjuntura de “guerra de informação” que o Brasil atravessa.
“É uma expressão forte dizer que a gente está vivendo uma guerra de informação, mas eu acho que a gente tem que assumir isso. Estamos numa guerra. E nessa guerra tem muita gente que trabalha com mentiras e manipulações. Nós temos esse lado, mas temos também o lado da vida, o lado da criatividade, o lado da resistência, do qual nós NPC fazemos parte. E a Pulsar voltar a ocupar esse espaço é de uma alegria muito grande!”, saudou a jornalista.
Apoiador há anos da Pulsar, o professor Adilson Cabral ressaltou a oportunidade de reativar antigas parcerias entre a agência e a universidade. Para ele, a renovação da Pulsar Brasil resgata e reitera algumas questões-chave da comunicação comunitária. Uma delas seria a própria ideia de uma agência informativa capaz de “trabalhar não só alimentando todo o conjunto e o aparato de rádios comunitárias e ativismos através do áudio, mas também de promover essa articulação em relação ao território brasileiro e, assim, fortalecer o próprio movimento de radiodifusão comunitária”.
Na opinião do pesquisador, a agência também pode exercer um importante papel no que diz respeito aos desafios e oportunidades colocados para as rádios comunitárias pelo processo de convergência digital.“São desafios completamente maiores, mais complexos e intensos, mas que, através de projeto como este, a gente consegue construir ou proporcionar pelo menos uma massa crítica capaz de compreender quais são esses desafios que se colocam pela frente”, afirmou.
A luta diária
O ponto alto do evento ficou por conta da comunicadora Rosa Gonçalves. Com 24 anos de luta pela democratização da comunicação na região dos Sertões Cearenses, ela contou um pouco de sua experiência à frente da Rádio FM Comunitária Independência. Recordou momentos de alegria – como quando recebeu, das mãos da presidenta Dilma Rousseff (PT), o Prêmio ODM Brasil pelo programa “Vida de Mulher” –, mas também episódios duros, como quando a rádio foi fechada e teve seus equipamentos destruídos pela Polícia Federal em 1997.
A sindicalista ainda fez questão de mencionar a importância da Amarc Brasil para sua formação como comunicadora já que, como diversos comunicadores comunitários, não chegou a cursar uma faculdade de Jornalismo.
“A gente aprendeu a fazer comunicação na prática. Interagindo com as comunidades, na luta como tantos comunicadores e comunicadoras nesse país. A experiência que eu tive na Amarc Brasil foi muito gratificante porque, para mim, foi uma escola de formação.”
Sobre a retomada da Agência Pulsar Brasil, Rosa se disse empolgada. “O desafio é articular a sociedade civil e fazer com que as vozes que estão abafadas – as vozes que são maiorias, mas que são minorias na liberdade de expressão – possam realmente ser valorizadas”, concluiu.
Confira a live: