Ao longo de toda esta semana, cerca de 200 indígenas de diferentes partes do Brasil realizaram mobilizações em Brasília contra projetos políticos desenvolvimentistas que violam os direitos dos povos originários.
De acordo com a integrante do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), Eliane Franco Martins, as principais reivindicações levantadas nas manifestações passaram pela Proposta de Emenda da Constituição (PEC 215), que retira do poder Executivo a demarcação das terras indígenas; pelo projeto de desenvolvimento agrícola MATOPIBA, que atinge quatro estados brasileiros e pelo descaso com a saúde indígena.
O avanço do agronegócio tem sido uma preocupação recorrente do movimento indígena nos últimos anos. O atual cenário de instabilidade política tem privilegiado o avanço de pautas conservadoras que colocam a população indígena, quilombola, ribeirinha e extrativista em situação de risco no território brasileiro.
Um exemplo disso é o projeto MATOPIBA. Segundo dados da Empresa Brasileira de Pesquisa Pecuária (Embrapa), a implementação da última fronteira agrícola do país vai compreender 73 milhões de hectares dentro do bioma cerrado, afetando 28 terras indígenas, 42 unidades de conservação, 865 assentamentos e 34 quilombos.
Para dar visibilidade aos impactos socioambientais dos projetos desenvolvimentistas, os indígenas foram ao Congresso e a Fundação Nacional do Índio (Funai). Na entidade, os manifestantes só conseguiram entrar após muita pressão. Nesta sexta-feira (11) os indígenas foram recebidos pelo presidente João Pedro da Costa para denunciar as violações e exigir a retomada do processo de demarcação de terras.
Na avaliação de Eliane foi fundamental a presença dos indígenas em Brasília para mostrar aos parlamentares que os povos originários estão cientes do jogo político do Congresso Nacional que viola direitos e não preserva a história do próprio Brasil. (pulsar)