Redação
Ícone da MPB, o multi-instrumentista João Donato morreu, aos 88 anos, na madrugada desta segunda-feira (17), no Rio de Janeiro, em decorrência de uma pneumonia. O cantor estava internado na Casa de Saúde São José, na zona Sul da capital fluminense e apresentava um quadro de sepse.
O perfil do Instagram de João Donato publicou uma homenagem ao cantor. “Hoje o céu dos compositores amanheceu mais feliz: João Donato foi para lá tocar suas lindas melodias. Agora, sua alegria e seus acordes permanecem eternos por todo o universo” , diz o texto.
Segundo o perfil do compositor. O velório será realizado no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, em horário a ser divulgado. Após a cerimônia, o corpo do artista será cremado no Memorial do Carmo.
O presidente Lula usou as redes sociais para homenagear o musicista e exaltar a sua contribuição para a cultura brasileira.
“João Donato, pianista, acordeonista, cantor e compositor, foi um dos gênios da música brasileira. Perdemos hoje um de nossos maiores e mais criativos compositores. Nascido no Acre, foi no Rio de Janeiro que construiu sua trajetória e marcou a história da música em nosso país, com composições que correram o mundo. João Donato via música em tudo. Inovou, passou pelo samba, bossa nova, jazz, forró e na mistura de ritmos construiu algo único. Manteve-se criando e inovando até o fim. Que encontre a paz que tanto cantou. Sua música permanecerá conosco. Meus sentimentos aos familiares, amigos, músicos que nele se inspiraram e fãs no mundo todo”, escreveu no Twitter.
“Talento nato”
Donato nasceu em Rio Branco, no Acre, e ainda criança mudou-se para o Rio de Janeiro. O incentivo para a música veio de casa com os pais. A irmã mais velha, Eneyda, estudava piano. Já o irmão caçula, Lysias Ênioera, com o dom da poesia, compôs a maior parte das letras de músicas do artista.
Em 1953, como pianista, Donato passou a comandar suas próprias formações instrumentais: “Donato e seu Conjunto”, “Donato Trio”, o grupo “Os Namorados”. Em 1956, mudou-se para São Paulo, onde atuou como pianista do conjunto “Os Copacabanas” e na “Orquestra de Luís Cesar” e gravou o primeiro LP: “Chá dançante”, produzido por Tom Jobim. Neste mesmo ano, a Bossa Nova, movimento musical do qual foi um dos pioneiros, conquistou o público.
Nos Estados Unidos, Donato se aproximou da música caribenha e de seus desbordamentos sobre o jazz. Integrou importantes orquestras como as de Cal Tjader, Mongo Santamaría, Tito Puente e Johnny Martinez. Acompanhou também o parceiro e amigo João Gilberto em suas turnês europeias.
Sua carreira foi marcada por prêmios e reconhecimento, mais recentemente, em 2016, Donato foi indicado ao Grammy Latino de Melhor Instrumental por seu álbum “Donato Elétrico”. O disco também foi eleito pela revista Rolling Stone Brasil como o 11º melhor álbum brasileiro de 2016.
Em homenagem ao compositor, Caetano Veloso lembrou das parcerias que teve com Donato ao longo da carreira e da sensibilidade e talento musical que o artista tinha.
*Com informações do G1, Agência Brasil e Festival de Música Contemporânea Brasileira.