Um evento privado. Essa é a definição da índia Narubia Werreria para os Jogos Mundiais dos Povos Indígenas. Narubia é da etnia Karajá, que vive na Ilha do Bananal, em Tocantins. Apesar de o povo Karajá ser um dos participantes dos Jogos, ela afirma que a divergência de opiniões é comum em todos os grupos.
Narubia Werreria conta que mesmo após muitas conversas com o organizador dos Jogos, Marcos Terena, ele não se convenceu de realizar um evento aberto a todos. Se o objetivo era fazer um evento privado, o dinheiro não deveria ser público. Ela ainda aponta como uma das maiores contradições a participação da ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Katia Abreu, o que é considerado uma afronta aos povos originários.
Narubia acusa a prefeitura da cidade de Palmas de falta de diálogo. Segundo ela, um Comitê Indígena para acompanhar a organização do evento foi prometido, porém não aconteceu. Os milhões de reais gastos teriam sido utilizados apenas para promover o prefeito Carlos Amastha (PP) e a capital do Tocantins. Nada, de fato, teria sido feito para os povos indígenas. Alguns inclusive protestaram nesta quinta-feira (22).
A indígena chama a atenção para a necessidade de se criar uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) dos Jogos Mundiais para apurar as diversas irregularidades. Ela ainda denuncia a transformação das terras brasileiras em cenários de monocultura, dominados pelo agronegócio. Enquanto a festa acontece em Palmas, a tentativa de aprovar a PEC 215 continua em Brasília. Narubia Werreria afirma que os povos indígenas pedem socorro. (pulsar)