Jogos Mundiais dos Povos Indígenas, um espaço para valorizar a diversidade cultural, para integração e confraternização de povos originários de mais de vinte países. Esta é a proposta do evento. No entanto, em meio aos muitos problemas vividos por grande parte dos índios brasileiros atualmente fica o questionamento: será este um momento de celebração?
De acordo com Sara Sanchez, membro do Cimi (Conselho Indigenista Missionário) de Tocantins, o principal objetivo dos Jogos Mundiais Indígenas é mascarar, camuflar a verdadeira realidade desta população. Para ela, o evento pretende mostrar somente o lado bonito e fingir que não há conflito fundiário, violência e violações direitos contra os povos tradicionais.
Para o Cimi, a realização dos Jogos dentro deste cenário é considerada uma afronta às situações de extrema vulnerabilidade em que vivem os indígenas no Brasil. Principalmente quando se pensa nos Guarani-Kaiowás, do Mato Grosso do Sul, que lutam e entregam a própria vida em defesa de seus territórios.
Além disso, em relação à educação e saúde indígena, o panorama é extremamente precário, com alta mortalidade infantil e falta de respeito à cultura, por exemplo. Hidrelétricas e mineração também entram na lista de ameaças e as demarcações de terra permanecem paralisadas.
Sara Sanchez ainda critica a muralha criada em volta dos Jogos Mundiais Indígenas, que impede o acesso às instalações e às próprias etnias presentes, o que se difere muito dos eventos nacionais e regionais. Ela acredita que esta é uma estratégia para que não se saiba o que realmente acontece, é uma forma de manipulação da informação, para que não chegue aos outros lugares do país e no exterior. (pulsar)