A Justiça do Reino Unido emitiu, nesta quarta-feira (20), uma ordem formal para extraditar o jornalista e fundador do Wikileaks, Julian Assange, para os Estados Unidos.
Preso desde 2019 na penitenciária de segurança máxima de Belmarsh, o ativista australiano é acusado pelo governo estadunidense de ter cometido 18 crimes de espionagem e invasão cibernética quando, em 2010, vazou mais de 700 mil documentos confidenciais sobre atividades militares e diplomáticas dos EUA em países como Afeganistão e Iraque. Caso sejam confirmadas a extradição e a condenção pelos supostos crimes, a pena do fundador do Wikileaks pode chegar a 175 anos de prisão.
Por ordem da Suprema Corte britânica, a decisão sobre a extradição ou não de Assange cabe, agora, à ministra do Interior, Priti Patel. A defesa do jornalista tem até 18 de maio para apelar à ministra que autorize um último recurso. Caso Patel mantenha a extradição, a última solução para os advogados de Assange seria tentar um novo recurso junto à Suprema Corte do país.
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Enquanto o fundador do Wikileaks participava por videoconferência da audiência dirigida pelo juiz distrital Paul Goldspring nesta quarta-feira, um grupo de apoiadores protestavam do lado de fora da corte.
Há dois anos, a defesa de Assange tenta adiar ou cancelar a extradição judicialmente. Em 2021, a juíza Vanessa Baraitser chegou a rejeitar a extradição do jornalista sob o argumento de que, devido o frágil estado de saúde física e psicológica, ele corria risco de cometer suicídio no sistema prisional estadunidense. Contudo, em dezembro do mesmo ano, a pedido de Washington, a Suprema Corte britânica anulou a decisão de Baraitser.
De acordo com Stella Moris, advogada sul-africana e esposa de Julian Assange, todo o processo contra o ativista é politicamente motivado. Segundo ela, o que os EUA têm chamado de “crime de espionagem” seria nada mais que o exercício da liberdade de expressão e a exposição de crimes estatais dos EUA nas guerras contra o Afeganistão e Iraque, incluindo práticas de tortura e o assassinato de crianças.
Nesta quarta-feira a advogada publicou nas redes sociais uma charge com a mensagem: “Quando expor um crime é tratado como cometer um crime, você é governado por criminosos”.
Julian is not facing "spying charges", as some reports claim.
Charges brought under the incredibly controversial 1917 Espionage Act don't allege 'spying'. The charges ('crimes') are: receiving, possessing and communicating true information from a journalistic source to the public pic.twitter.com/iNBA0uYQDK— Stella Assange #FreeAssangeNOW (@StellaMoris1) April 20, 2022
Também através das redes sociais, a Anistia Internacional declarou que se a ministra do Interior do Reino Unido concordar com a extradição de Julian Assange para os EUA, tal decisão “ameaçaria a liberdade de imprensa em todos os lugares”.
No mesmo sentido, a Artigo 19 fez questão de manifestar apoio ao jornalista e afirmou que a decisão do tribunal britânico de aprovar a extradição de Assange aos EUA representa “um grande golpe para a liberdade de expressão e o jornalismo”.
Edição: Jaqueline Deister