Após a renúncia coletiva de mais de 30 funcionários do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), uma autarquia do Ministério da Educação (MEC) responsável pelo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), 52 pesquisadores da área de Matemática, Probabilidade e Estatística (Mape) e da área de Física da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Ensino Superior (Capes) renunciam aos cargos.
De acordo com informações do jornal O Globo, em duas cartas, os cientistas acusam a Capes de não respaldar o trabalho de avaliação desempenhado por eles e criticam a presidência da instituição por não defender a Avaliação Quadrienal da pós-graduação, suspensa por decisão judicial em setembro. Com a saída, os novos chefes das áreas terão de montar suas equipes.
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A carta de renúncia da Matemática, assinada por três coordenadores e 28 consultores, divulgada nesta segunda-feira (29), cita que a instituição tem alterado parâmetros sem consultar as áreas responsáveis. Os pesquisadores afirmam que foram demandados a elaborar pareceres sobre expansão de programas de pós-graduação via ensino à distância com rapidez. Segundo eles, as decisões da Presidência e da Diretoria de Avaliação (DAV) da Capes têm pego os pesquisadores “de surpresa” e causam prejuízos ao trabalho.
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O pedido de desligamento em série da Capes está ocorrendo desde a semana passada. Na ocasião, três coordenadores da área de Astronomia/Física anunciaram a saída também por insatisfação com a presidência da instituição. Outros 18 consultores desse grupo também pediram desligamento.
Há a expectativa na comunidade científica que mais pedidos de renúncia ocorram ao longo da semana.
Dia em defesa da pós-graduação
O desligamento dos profissionais da Capes ocorre no dia em que a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) realiza o “dia em defesa da pós-graduação”. Uma série de debates está programada para a data, o centro do encontro é o futuro da pós no Brasil.
“A pós-graduação brasileira está ameaçada devido aos cortes de verbas que vem sofrendo e da suspensão da avaliação de programas e concessão de bolsas feita pela Capes. Tudo isso pode constituir um desmanche da estrutura de uma agência à qual o Brasil deve tanto, no tocante à pesquisa e à formação de recursos humanos altamente qualificados, além de prejudicar o futuro profissional de muitos”, afirma Renato Janine, presidente da SBPC e ex-ministro da educação do governo Dilma Rousseff (PT).
As mesas e painés podem ser conferidos no canal da SBPC no Youtube.