

Na Argentina, o estado de Misiones, no nordeste do país, que faz fronteira com o Brasil e o Paraguai, proibiu o uso do herbicida glifosato a partir de 2025. O local foi o segundo do país a banir o veneno, o primeiro foi o estado de Chubut, ao sul da Argentina, onde a proibição está em vigor desde 2020.
A determinação foi estabelecida pela nova Lei para a Promoção da Produção de Bioinsumos, que também promove uma série de medidas para pesquisa, otimização e promoção de insumos biológicos, gerenciamento de irrigação e uso eficiente da água, além do desenvolvimento sustentável de plantações em todo o estado.
A nova lei foi bem recebida pelos agricultores familiares e cooperativas, que há anos vêm denunciando os efeitos adversos do uso de pesticidas e promovendo uma transição agroecológica na província com a maior produção de erva-mate e chá do país.
O glifosato é usado na agricultura para o controle de ervas daninhas em áreas industriais. O herbicida mata a maioria das plantas quando aplicado. Os agricultores pulverizam o produto nos campos antes de suas plantações brotarem na primavera. Dessa forma, elas não precisam competir com as ervas daninhas ao redor.
Riscos
Em 2015, a Organização Mundial da Saúde (OMS) confirmou que o herbicida causa danos genéticos em humanos e atualizou a sua categorização como provável produto cancerígeno. No entanto, na Argentina, ele é aplicado em quase todas as produções agroindustriais, desde campos de soja, milho e algodão até frutas, erva-mate, girassol, pastagens e trigo.
Com o avanço das plantações transgênicas, o uso do glifosato, inicialmente desenvolvido e comercializado pela empresa Monsanto desde a década de 1970, aumentou exponencialmente. Hoje, as empresas que comercializam o glifosato na Argentina incluem a Bayer-Monsanto, Syngenta, Red Surcos, Atanor, Nidera, entre outras grandes transnacionais do agronegócio na região.
Para os pequenos e médios produtores, a lei representa “um grande avanço”. Miriam Samudio, representante dos Produtores Independentes de Piray, em Misiones, mencionou sua própria experiência com as terras recuperadas pela organização da multinacional Arauco, onde nenhum produto químico foi usado por mais de seis anos.
“A mudança em nossa área não está apenas no solo, mas também na paisagem, nas nascentes, nos poços de água, alguns córregos começaram a brotar novamente e as áreas úmidas começaram a se recuperar. Como o glifosato não foi mais usado, o ecossistema está vivo novamente”, afirmou.
Edição: Jaqueline Deister