Redação
Movimentos e organizações sociais lançaram, na última terça-feira (2), no auditório do Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH), em Brasília, a “Campanha contra a violência no campo: em defesa dos povos do campo, das águas e das florestas”.
De acordo com os integrantes da campanha, a iniciativa tem como principal objetivo frear o avanço da violência contra povos e comunidades tradicionais no país. Segundo dados da Comissão Pastoral da Terra (CPT), só em 2022 os conflitos no campo já provocaram 22 assassinatos. Em 2021 foram 35 homicídios, representando um aumento de 75% em relação a 2020.
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Diante deste cenário, a campanha busca: propor ações políticas de proteção das comunidades e das florestas; dialogar e sensibilizar a opinião pública nacional e internacional a respeito da situação; denunciar casos de violações de direitos, assassinatos e ameaças; fortalecer iniciativas já existentes em defesa dos direitos humanos e desenvolver estratégias de acolhimento às vítimas de violências.
Além da cerimônia presencial em Brasília, o lançamento também foi transmitido através das redes sociais da CNDH e das 33 organizações e movimentos que compõem a campanha, como, por exemplo, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), a Articulação Nacional de Quilombos (ANQ), o Conselho Indigenista Missionário (CIMI), o Movimento de Pescadores e Pescadoras Artesanais (MPP) e o Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu.
Durante o lançamento, foram apresentados dados atualizados sobre a violência no campo pelo CPT e CIMI. Os representantes da campanha também divulgaram uma Carta Compromisso contra a violência no campo que será disponibilizada para adesão de candidatos e candidatas nas eleições 2022 através de um formulário on-line.
Conflitos
De acordo com o Centro de Documentação da CPT – Dom Tomás Balduino, entre 2011 e 2015 foram registrados 6.737 conflitos no campo, envolvendo mais de 3,5 milhões de pessoas. Já no período entre 2016 a 2021, o número de conflitos saltou para 10.384, atingindo cerca de 5,5 milhões de pessoas.
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Ainda segundo o levantamento da CPT, a maior parte das pessoas afetadas pelos conflitos em áreas rurais está na região da Amazônia Legal, que compreende um total de 772 municípios dos estados de Rondônia, Acre, Amazonas, Roraima, Pará, Amapá, Tocantins, Mato Grosso e Maranhão. Entre as populações atingidas destacam-se os povos indígenas, quilombolas, ribeirinhos, posseiros e trabalhadoras rurais sem-terra.
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Os números da CPT também apontam um aumento de 113% do número de pessoas resgatadas de situações de trabalho análogas à escravidão nos últimos dois anos. A Comissão ainda sublinha que os dados coletados a partir da imprensa e de organizações e movimentos sociais do campo “não abarcam toda a realidade, que é ainda muito mais dura”. Segundo a própria CPT, “essas situações se acirram à medida em que, as políticas públicas e de fiscalização são desmontadas”.
Com informações do Brasil de Fato, CIMI e CPT.
Edição: Jaqueline Deister