Redação
O Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC) aprovou, no último sábado (4), uma moção pública que exige a saída imediata do atual ministro das Comunicações, Juscelino Filho (União Brasil).
Além de possuir um histórico de apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o ministro tem sido protagonista de sucessivos escândalos publicados pela imprensa. As denúncias envolvem desde o recebimento de recursos do orçamento secreto para construção de uma estrada em frente ao haras de sua propriedade no Maranhão até o uso de avião da Força Aérea Brasileira (FAB) para participar de um leilão de cavalos.
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Nesta segunda-feira (6), uma nova reportagem – desta vez do Estado de S. Paulo – revelou que Juscelino seria responsável por “emplacar” um de seus sócios no haras como funcionário fantasma na liderança do PDT no Congresso, com salário de R$ 17,2 mil. O escândalo veio à tona horas antes do ministro comparecer à reunião convocada para hoje pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para definir se prossegue ou não à frente do ministério.
De acordo com a moção do FNDC, desde o governo de transição os movimentos e organizações da sociedade civil têm alertado que o Ministério das Comunicações precisa ser considerado como “um espaço estratégico e prioritário para enfrentar o desafio de construir políticas públicas democráticas que efetivem o direito à comunicação, com pluralidade e diversidade de vozes”. Segundo o documento, a nomeação de Juscelino representa um “retrocesso” e “um sinal concreto de impedimento para avanço da implementação de uma política democrática de comunicação”.
“Agora, diante das graves denúncias envolvendo Juscelino Filho, além de exigir sua saída, é preciso afirmar o caráter estratégico da pasta, indicando, então, um ministro comprometido com a democracia na sociedade e também nas comunicações. A possível saída abre oportunidade para que o erro não seja, uma vez mais, repetido”, acrescenta o texto.
Denúncia
Diante da pressão pela saída de Juscelino Filho, o presidente Lula convocou uma reunião com o ministro para que ele preste esclarecimentos sobre os escândalos em que está envolvido.
O mais recente envolve a contratação, como funcionário fantasma no Congresso, de Gustavo Gaspar, sócio de Juscelino e de sua irmã Luanna Rezende no “Parque e Haras Luanna”, propriedade da família no município de Vitorino Freire, no Maranhão, onde Luanna é prefeita.
Segundo o Estado de S. Paulo, Gaspar seria “homem de confiança do ministro na política e nos negócios”. Inclusive, a irmã de Gustavo – Tatiana Gaspar – teria sido contratada por Juscelino como assessora especial do Ministério das Comunicações, com salário de R$ 13,2 mil. A reportagem afirma que até o pai de Gaspar, com 80 anos, já teria sido empregado no gabinete do ex-deputado federal com salário de R$ 15,7 mil.
No último sábado (4), o ministro afirmou, em publicação nas redes sociais, que está comprometido a esclarecer todas as denúncias divulgadas pela imprensa. Segundo ele, “não houve irregularidades nas viagens citadas e que tudo está devidamente documentado”.
Nesta segunda-feira, horas antes da reunião com Lula, Juscelino divulgou um vídeo reforçando a alegação de inocência em relação às viagens. A publicação, porém, não explica sobre as demais denúncias.
*Com informações do FNDC, Estado de S. Paulo e Revista Fórum.
Edição: Jaqueline Deister