Redação
Vestidas com trajes, adornos e pinturas tradicionais, mais de seis mil indígenas mulheres marcharam sobre as ruas de Brasília (DF) nesta quarta-feira (13) em defesa da igualdade de gênero, dos direitos das mulheres e da preservação das culturas e territórios indígenas. A manifestação faz parte da 3ª Marcha das Mulheres Indígenas, que reúne representantes de povos de diferentes territórios e biomas de todo o mundo.
Organizado pela Articulação Nacional das Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade (Anmiga), o encontro foi iniciado na última segunda-feira (11) sob o lema: “Mulheres Biomas em Defesa da Biodiversidade pelas Raízes Ancestrais”. Ao longo da programação foram realizados debates, plenárias, lançamentos de livros e atividades culturais.
Nesta quarta-feira, a marcha começou por volta das 9h e seguiu do Eixo Cultural Íbero-americano — antiga Funarte – até a Esplanada dos Ministérios. Segundo a organização, a mobilização contou com representantes dos 26 estados brasileiros, além de mulheres indígenas de outros países, como Peru, Guatemala, Estados Unidos, Quênia, Uganda, Malásia, Rússia e Nova Zelândia.
“Essa diversidade de participantes destaca a universalidade das questões enfrentadas pelas mulheres indígenas, como o acesso à terra, a violência de gênero, a discriminação e a luta pela autonomia e empoderamento. Através da marcha, essas mulheres têm a oportunidade de compartilhar suas histórias, trocar experiências e fortalecer a solidariedade entre os povos indígenas ao redor do mundo”, afirmam as organizadoras.


De acordo com a Anmiga, a Marcha representa “um poderoso apelo por direitos iguais para as mulheres indígenas”.
“Essas mulheres enfrentaram inúmeros desafios e injustiças ao longo de suas vidas, mas se recusam a continuar sendo silenciadas. Exigimos acesso a cuidados de saúde de qualidade, educação e oportunidades econômicas. Lutamos pela proteção da terra e recursos naturais, que vêm sendo explorados por muito tempo. Defendemos o fim da violência contra as mulheres indígenas, um problema generalizado que tem atormentado nossas comunidades há gerações”, explicou a Articulação.
“Vozes das ancestralidades”
A primeira Marcha das Mulheres Indígenas foi realizada em 2019 e reuniu mais de duas mil lideranças em Brasília. A segunda edição, ocorrida em meio às tensões das comemorações do sete de setembro sob o governo Bolsonaro, contou com mais de cinco mil mulheres de 150 povos indígenas dos seis biomas do país.
Segundo a Anmiga, em 2023, para além do protesto contra os diferentes tipos de violência que atingem as mulheres indígenas, a Marcha tem como principais objetivos: “reconectar a potencialidade das vozes das ancestralidades que são as sementes da terra, fortalecer a atuação das mulheres indígenas a partir de seus territórios, debater desafios e propor novos diálogos de incidência na política indígena do Brasil”.
Leia também: Povos indígenas se mobilizam para acompanhar julgamento do marco temporal no STF
“Sabemos que não será fácil superar 523 anos em quatro. Mas estamos dispostas a fazer desse momento a grande retomada da força ancestral da alma e espírito brasileiros. Isso só será possível, se tivermos ao nosso lado, mães, anciãs, caciques e lideranças homens colaborando com o avanço no diálogo coletivo em prol do bem maior”, afirmam as indígenas.
“Nossos maiores inimigos são as leis que não reconhecem nossa diversidade e nossa existência. Falar em demarcação de terras indígenas é gritar pela continuidade da existência dos nossos povos”, concluem.
*com informações da Anmiga e Apib