

Reportagem: Fernando Tocco, da Rádio Sur de Buenos Aires
Nesta semana, nas principais cidades da Argentina, trabalhadores e organizações sociais mobilizaram um dia de luta com uma série de greves, manifestações e bloqueios de estradas para rejeitar as medidas de ajuste econômico do governo federal.
O protesto foi convocado pela Central de Trabalhadores da Argentina Autônoma, uma das três centrais de trabalhadores do país, e vários movimentos sociais e sindicais, como a Asociación de Trabajadores del Estado (ATE), um dos maiores sindicatos de trabalhadores estatais, e o Movimento de Classe Combativo. Também participaram da manifestação o ‘Movimiento Evita’ e o ‘Movimiento de Trabajadores Excluidos’, organizações de desempregados ligadas à aliança de governo.
Os trabalhadores argentinos saíram às ruas para exigir melhores salários diante de uma inflação anual que ultrapassou 100%. O maior valor dos últimos 32 anos, de acordo com os últimos anúncios oficiais.
A perda do poder aquisitivo dos assalariados é sentida sobretudo nos aumentos dos alimentos e, particularmente, da carne, que lidera a tendência inflacionária que atinge diretamente os setores mais vulneráveis da economia. Atualmente mais de 40% da população argentina vive abaixo da linha de pobreza.
Neste sentido, os trabalhadores também demonstraram nas ruas do país sua rejeição à política econômica do governo de Alberto Fernandez. Segundo eles, trata-se de uma política de ajuste que faz parte dos acordos assinados com o Fundo Monetário Internacional (FMI), que, por um lado, promove cortes nos programas de assistência social, nas aposentadorias e nos pequenos e médios produtores da economia solidária, e, por outro lado, permite constantes melhorias fiscais e cambiais para os setores agroexportadores, grandes beneficiários dos últimos governos
Recentemente, o ministro da economia, Sergio Massa, anunciou um novo dólar agrícola, que consiste em uma nova taxa privilegiada para os exportadores de soja que continuam melhorando suas margens de lucro.
Sergio Massa, membro da Frente Renovador, um espaço político que faz parte da coalizão de governo, mas com suas próprias ambições eleitorais, tem conduzido pessoalmente as negociações com o FMI desde que tomou posse em agosto do ano passado. O ministro tem feito uso de seus vínculos com o Departamento de Estado dos Estados Unidos, relacionamento que cultiva há anos e que o tornou convidado predileto em encontros e reuniões na embaixada dos EUA no país.
Edição: Filipe Cabral