Redação
Um estudo publicado esta semana pela consultoria IDados revela que a maioria da população brasileira que sobrevive com até um salário mínimo é formada por pessoas negras. Segundo o levantamento, dos 30,2 milhões de trabalhadores e trabalhadoras com rendimento de até R$1,1 mil, quase 20 milhões são negros.
O estudo foi elaborado com base nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) do segundo trimestre de 2021, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Em comparação com os trimestres anteriores, o levantamento aponta recordes tanto no total de trabalhadores que recebem um salário mínimo ou menos, quanto no número de pessoas negras em tais condições. Atualmente, 43,1% dos 46 milhões de pessoas negras ocupadas no mercado de trabalho recebem até R$ 1,1 mil. No quarto trimestre de 2015, o melhor momento da série histórica iniciada em 2012, o percentual era de 34,4%.
Em entrevista ao portal G1, o economista e autor da pesquisa, Bruno Ottoni, explicou que além da queda do emprego provocada pela pandemia, a falta de políticas públicas voltadas para o acesso ao mercado de trabalho contribui para que parte da população negra continue trabalhando em situação de informalidade e com baixa remuneração. Segundo ele:
“As políticas de ação afirmativa tiveram resultados importantes. Há muitas políticas de acesso à universidade, mas nós tivemos menos políticas no mercado de trabalho. Apesar de o país ter tido ganho de escolaridade da população negra, os avanços não foram expressivos no mercado de trabalho”, comenta.
De acordo com dados do IBGE, negros e negras representam hoje mais de 54% da população brasileira.
Indicadores
O levantamento da IDados também aponta que, em âmbito geral, 69,2% das pessoas que recebem até um salário mínimo não tiveram acesso aos estudos.
Ainda sobre a população que sobrevive com a renda mínima, chama atenção que 13,4% do total é composto por trabalhadoras e trabalhadores com ensino superior completo. Em 2012, o percentual era de 8,9%.
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A pesquisa também revela que até junho deste ano 18,67% dos brasileiros estavam em situação de pobreza, o que representa quase 40 milhões de pessoas. Já o índice de brasileiros em situação de indigência chega a 4,94% da população, o que corresponde a aproximadamente 10 milhões de pessoas.