Em meio aos ataques contra a jovem democracia brasileira, a reflexão sobre o papel e a importância da comunicação se mostra cada vez mais urgente. Junto com o processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff, veio também a interferência na Empresa Brasil de Comunicação (EBC). Para entender melhor o contexto vivido pela EBC e a importância da comunicação pública, a Pulsar Brasil conversou com Denise Viola, coordenadora executiva da AMARC Brasil (Associação Mundial de Rádios Comunitárias).
Denise faz uma comparação entre a comunicação pública e uma pesquisa de satisfação realizada sobre o SUS (Sistema Único de Saúde), na qual a maior parte das críticas vinham das pessoas que não conheciam ou não eram usuárias do serviço. Para a comunicadora, o mesmo acontece no que se refere à EBC – as opiniões contrárias são de quem não assiste. Denise Viola lembra ainda que muitas pessoas não sabem que a EBC vai muito além da TV Brasil, com suas emissoras de rádio e agências de notícias.
Para a coordenadora da AMARC, falta uma compreensão do que é a comunicação pública e de sua real diferença para a comunicação estatal e comercial. Segundo ela, a comunicação pública, mais do que uma preocupação com a audiência a qualquer preço, tem uma preocupação com a transparência, com a qualidade do conteúdo e com a diversidade de vozes, tanto do público quanto de quem produz.
Diante do atual cenário brasileiro, a comunicação pública está entre os setores mais impactados. Denise lembra da tentativa do governo interino de Michel Temer de retirar o presidente da EBC em exercício, que só pode voltar ao cargo após decisão do STF (Superior Tribunal Federal). Além disso, contratos de programas estão acabando sem serem renovados. O clima de insegurança é o que predomina no momento. (pulsar)