Milhares de brasileiras e brasileiros tomaram as ruas no último sábado (29) para dar um “basta ao genocídio” e cobrar justiça pelas mais de 460 mil vítimas de Covid-19 no Brasil. Os atos tiveram alcance nacional e internacional e ocorreram em mais de 200 cidades brasileiras e 14 países.
A estimativa dos organizadores é de que 420 mil pessoas dos 26 estados da federação estiveram nas ruas para exigir o fim do governo de Jair Bolsonaro e protestar contra a falta de vacinas, a fome, o desemprego, os ataques aos indígenas, aos negros e ao meio ambiente. Só em São Paulo, cerca de 80 mil manifestantes passaram pela Avenida Paulista com faixas, cartazes e também máscara e alcool em gel.
Além das ruas, as manifestações tomaram também as redes sociais. Segundo levantamento realizado no próprio sábado pelo pesquisador e professor de Comunicação da Universidade Federal do Espírito Santo, Fábio Malini, o “#29M” foi tema de 1.828.048 postagens no Twitter. Todavia, apesar da repercussão internacional dos atos, veículos tradicionais da mídia comercial brasileira optaram pelo silenciamento ao não destacar os protestos nas publicações do dia seguinte. Decisão que provocou uma série de críticas nas redes por parte de políticos, jornalistas, artistas e organizações sociais.
Fábio Malini, por exemplo, foi suscinto ao opinar sobre o posicionamento dos jornais que escolheram não cobrir os atos. Para ele: “Não informar é desinformação.”
Não informar é desinformação.
— Fabio Malini (@fabiomalini) May 30, 2021
Já o jornalista e diretor da Revista Fórum, Renato Rovai, classificou o silenciamento de alguns meios de comunicação como partidarismo: “Quem faz jornalismo partidário senão os grandes meios de comunicação. A prova cabal foi a cobertura dos atos de ontem. Não houvesse mídia progressista independente e cobertura colaborativa pelas redes o país ficaria sem saber do que ocorreu.”
Quem faz jornalismo partidário senão os grandes meios de comunicação. A prova cabal foi a cobertura dos atos de ontem. Não houvesse mídia progressista independente e cobertura colaborativa pelas redes o país ficaria sem saber do que ocorreu.
— Renato Rovai (@renato_rovai) May 30, 2021
O jornalista Bruno Torturra não poupou críticas aos jornais O Estado de São Paulo e O Globo pelas escolhas editoriais: “Jornal escroto e covarde nem precisa de censura. Meus pêsames aos colegas que trabalham para essas organizações”.
Jornal escroto e covarde nem precisa de censura. Meus pêsames aos colegas que trabalham para essas organizações. pic.twitter.com/mYbrN64sqH
— Bruno Torturra (@torturra) May 30, 2021
Para o coletivo de comunicação Intervozes, a falta de cobertura de alguns veículos viola o direito humano à comunicação: “Diferentemente da mídia internacional, imprensa brasileira viola direito à comunicação, invisibiliza protestos ocorridos no país e suas consequências para a disputa política.”
Diferentemente da mídia internacional, imprensa brasileira viola direito à comunicação, invisibiliza protestos ocorridos no país e suas consequências para a disputa política.
Artigo de Ramênia Vieira na @cartacapital traz uma análise da cobertura do #29M:https://t.co/wrjIOkTC5R
— Intervozes (@intervozes) May 31, 2021
O humor deu o tom no comentário de Jandira Feghali, que usou imagens de personagens adormecidos para se referir às redes de TV:
A grande mídia sobre os atos de ontem… pic.twitter.com/ddhNJtdcnH
— Jandira Feghali 6565 ??? (@jandira_feghali) May 30, 2021