O Instituto Vladimir Herzog (IVH) e a Artigo 19 lançaram na terça-feira (31) a Rede Nacional de Proteção de Jornalistas e Comunicadores. Fruto da articulação de jornalistas, comunicadores, entidades representativas e coletivos de mídia de todos os estados brasileiros, a iniciativa pretende combater as violações à liberdade de expressão e acolher denúncias de ataques e trabalhadoras e trabalhadores da comunicação.
O lançamento foi transmitido pelo canal do Instituto Vladirmir Herzog no Youtube e contou com a participação das jornalistas Semayat Oliveira, co-fundadora e co-diretora do Nós, Mulheres da Periferia, Bianca Santana, diretora-executiva da Casa Sueli Carneiro, e Kátia Brasil, cofundadora e editora-executiva da Agência Amazônia Real. As convidadas analisaram o processo de institucionalização dos ataques à imprensa no país e comentaram sobre a importância do fortalecimento de ações coletivas em defesa da liberdade de expressão e da segurança de jornalistas e comunicadores.
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Segundo Semayat Oliveira, a criação da Rede Nacional de Proteção de Jornalistas e Comunicadores é fundamental não apenas para as pessoas e organizações envolvidas no projeto, mas para a democracia brasileira de um modo geral:
“Tem dois pressupostos fundamentais que fizeram com que esse projeto nascesse: um deles é que sem imprensa livre não há democracia; e o outro é que o Estado brasileiro, historicamente – nós sabemos e temos vivido isso na pele – negligencia os ataques à imprensa que infelizmente têm aumentado nos últimos anos”, afirmou.
Também participaram do lançamento o diretor executivo do IVH, Rogerio Sottili, a diretora executiva da Artigo 19, Denise Dora, e o coordenador da área de jornalismo e liberdade de expressão do IVH, Giuliano Galle.
A Rede
Segundo Sottili, o processo de construção da Rede Nacional de Proteção de Jornalistas e Comunicadores começou em 2018, a partir de um encontro realizado em São Paulo que reuniu jornalistas, comunicadores e representantes de organizações da sociedade civil, de coletivos de mídia e de outras iniciativas de defesa dos direitos humanos. Dentre as organizações que participaram do processo, além do IVH e da Artigo 19, Sottili destacou o apoio da ONG Repórteres sem Fronteiras e do Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação Social.
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Além de receber e acompanhar denúncias de ataques e ameaças a jornalistas e comunicadores, a Rede também deve oferecer processos de formação e elaborar estratégias para garantir a participação de diferentes atores que podem e devem contribuir com a segurança dos profissionais da imprensa.
Em relação à formação, estão previstas oficinas sobre jornalismo, liberdade de expressão e direitos humanos, e cursos sobre temas como segurança digital, cobertura de eleições, cobertura de manifestações e legislação brasileira. A plataforma virtual da Rede também conta com uma biblioteca com materiais sobre proteção e segurança.
Edição: Jaqueline Deister