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    esporte

    “Os Jogos de Tóquio foram marcadamente políticos”, diz pesquisadora

    Há poucos dias para o encerramento das Olimpíadas, historiadora relembra episódios importantes do evento e comenta sobre o legado político que os jogos de Tóquio deixam para o esporte
    agosto 6, 20211 comentário6 min para ler
    Jogos de Tóquio ficaram marcados pela pandemia (Foto: COB)

    Após dezessete dias de competições, no próximo domingo (8) serão encerrados os Jogos Olímpicos de Tóquio. Além das conquistas, recordes e histórias de superação, a 32ª edição da Olimpíada entra para história principalmente pelas mudanças causadas pela pandemia de Covid-19 e pelos debates em torno da luta por direitos no esporte e através dele.

    Para quem ainda questiona se esporte e política devem se misturar, os jogos do Japão provaram que é impossível desassociar uma coisa da outra. De acordo com a doutoranda em História Social,  Fernanda Haag, os jogos de Tóquio foram “marcadamente políticos”. A começar pelo fato de terem sido realizados em meio a uma pandemia mundial.

    Haag lembra que esta é a primeira edição na história do evento que precisou ser adiada e que teve restrições à participação do público, fatos que por si só interferem diretamente na organização e realização das competições. Fermanda também recorda que, mesmo após a confirmação dos jogos, devido a permanência do estado de pandemia, houve no Japão uma série de protestos que defendiam um novo adiamento e até mesmo o cancelamento das Olimpíadas no país. Episódios que, segundo a historiadora, certamente serão lembrados no futuro quando se falar das Olimpíadas de Tóquio.

    Além do esporte

    Ainda de acordo com a pesquisadora, outro fator pelo qual os jogos do Japão entrarão para a história do esporte está relacionado às questões da diversidade e equidade de gênero. Pela primeira vez as mulheres representam cerca de 49% do total de atletas participantes, o que corresponde a quase 5.400 atletas femininas em Tóquio. A doutoranda não titubeia ao afirmar: “Sem dúvida, as mulheres foram as protagonistas desses jogos”.

    Leia mais: Rebeca Andrade e o “Baile de Favela”: a vitória do Brasil que insiste em viver

    Como caso emblemático, Haag cita a participação da ginasta estadunidense Simone Biles. Ela ressalta a expectativa que havia em torno do desempenho da atleta e o modo como Biles se destacou nos jogos ao pautar a necessidade de cuidados com a saúde mental, quando desistiu de boa parte das provas da modalidade.

    “Ela foi fundamental mesmo! Acabou dando um exemplo de outra forma. Não precisou ganhar um monte de medalhas para ser exemplo”, considera a professora que ainda fez questão de citar como exemplos as trajetórias das medalhistas brasileiras Rebeca Andrade, da ginástica olímpica, Rayssa Leal, do skate e Mayra Aguiar, do judô.

    Outro fato importante destacado pela pesquisadora foi o recorde de atletas  LGBTQIA+ em uma edição das Olimpíadas. Segundo levantamento do site Outsports, estiveram em Tóquio pelo menos 169 atletas que se identificam abertamente como lésbicas, gays, bissexuais, transexuais, não binários ou queers.

    Nesse sentido, Haag repara que além de servir como inspiração para futuras e futuros atletas, a participação de esportistas LGBTQIA+ nos jogos reverbera, inclusive, na cobertura esportiva. Como exemplo, ela cita a partida de futebol feminino em que a narradora Natália Lara e o comentarista Conrado Santana – ambos do grupo Globo – fizeram questão de utilizar o pronome neutro para se referir à Quinn, jogadora trans e não binária da seleção canadense.

    Ainda sobre os fatos politicamente marcantes da Olimpíada de Tóquio, a historiadora destaca a manifestação de Raven Saunders, atleta estadunidense medalha de prata no arremesso de peso. Ao subir o pódio, Saunders, que é negra, lésbica e admitiu lutar contra a depressão, cruzou os braços acima da cabeça formando um “X”, contrariando a determinação do Comitê Olímpico Internacional (COI) que probia manifestações políticas no pódio.

    Em entrevista, a arremessadora explicou que o gesto simbolizava o cruzamento em que todas as pessoas oprimidas se encontram e que, com ele, pretendia chamar atenção para as pessoas que estão lutando e não tem plataforma para falar sobre si mesmas. O COI chegou a abrir um inquérito para avaliar o caso da medalhista, mas informou, na última quarta-feira (6), que o inquérito foi suspenso.

    Despolitização

    Sobre as críticas que costumam aparecer em relação à “politização do esporte”, Fernanda Haag rebate explicando que: “Não tem como pensar em esporte e política como esferas separadas. O esporte não acontece num vácuo! Ele estabelece relações políticas, econômicas, culturais e sociais… é uma teia muito complexa”.

    Leia mais: Olimpíadas: esporte ou negócio?

    A pesquisadora ilustra essa relação como uma “via de mão dupla”, ou seja, a política no esporte e o esporte na política. Sobre o primeiro caso, ela cita como exemplos as disputas internas do campo esportivo como as que envolvem as direções e gestões de comitês olímpicos e confederações esportivas.

    “Quem são as pessoas que dirigem o esporte? Quais são os interesses dessas pessoas? Há outros grupos minoritárias nessas gestões? Se sim, como eles se expressam? Isso é política. São determinações e decisões políticas”, observa.

    Para refletir sobre a influência do esporte na política, a historiadora cita como exemplo a decisão que alguns países fazem de sediar megaeventos esportivos como as Olimpíadas, a Copa do Mundo ou, na recente polêmica brasileira, a Copa América. Segundo ela, decisões como estas envolvem desde a política internacional até manifestações locais como as que ocorreram neste ano em Tóquio e no Brasil às vésperas da Copa de 2014.

    Fernanda também lembra do uso (ou abuso) político do esporte feito pelos governos devido ao potencial de mobilização das competições esportivas. Ela inclusive sublinha que tal uso não se restringe a governos autoritários ou ditatoriais, mas que também ocorre em direitos democráticos, como foi o caso do Brasil na última década. Mesmo assim, ela repara que o esporte pode servir para a renovação da esperança e a emergência de novas perspectivas, como tem ocorrido com as Olimpíadas deste ano.

    “As Olimpíadas de Tóquio lembraram de um Brasil que dá certo, de um Brasil que a gente aprendeu a amar. Não no ideal ufanista, patriótico e bobo, mas pensando em um país que tem muita coisa, tem muito talento, e é bom a gente lembrar disso. Isso não significa uma tentativa de romantizar a falta de estrutura de muitos atletas – ‘Ah nossa! O cara tinha nada, foi lá e ganhou!’ – não! Não é legal o cara não ter nada. Pelo contrário, eu acho que é uma lembrança para gente pautar que é uma necessidade de políticas públicas sérias para o desenvolvimento do esporte”, conclui.

    esporte Japão olimpíadas Tóquio
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    Filipe Cabral

    Repórter da Agência Pulsar Brasil.

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    1 comentário

    1. Claudinei em agosto 6, 2021 21:18

      Que texto gostoso de ler e que nos leva a refletir sobre os novos horizontes que não podem mais ficar sem serem debatidos.
      Parabéns!

      Responder

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