Mortandade de peixes e diversos outros organismos do Rio Doce, prejuízo na mata ciliar, corte no abastecimento de água, impactos sociais. Esta é a realidade atual das cidades mineiras afetadas pelo rompimento das barragens da mineradora Samarco, empresa ligada à Vale, que despejaram todo seu conteúdo no distrito de Bento Rodrigues, próximo ao centro da cidade de Mariana.
A lama tóxica proveniente da mineração de ferro atinge a fauna e flora da região, e não se sabe ainda quantos anos serão necessários para que se tenha uma possibilidade de recuperação. De acordo com Carlos Martinez, professor da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), engenheiro civil e doutor em Planejamento de Sistemas Energéticos, as partículas da lama sufocaram o rio. Ele acredita que a possibilidade de reverter o cenário esteja nos afluentes.
O professor acredita na responsabilidade da empresa no desastre socioambiental ocorrido, porém levanta também a parcela que cabe aos órgãos públicos. Segundo Martinez, o rompimento das barragens é um sintoma de uma doença muito maior vivida pelo País. Ele afirma que a falta de profissionais especializados no governo e a falta de fiscalização culmina em situações alarmantes.
Para Carlos Martinez o problema é político, pois se houvesse fiscalização adequada e suficiente o crime socioambiental poderia ter sido evitado. Ele ainda defende que aplicar uma multa de 250 milhões de reais pode não resolver nada se o dinheiro não for utilizado na região. Neste cenário, quem mais sofre é a população e o meio ambiente. (pulsar)