Ao longo das últimas semanas o clima de tensão política no Brasil tem se agravado. Na segunda-feira (11), a Comissão Especial do Impeachment votou o parecer favorável pela continuação do processo de impedimento da presidenta e, no próximo domingo (17), o futuro do país e do mandato de Dilma Rousseff estarão em jogo.
Para Guilherme Boulos, coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST), independente do resultado da votação de domingo, o papel dos movimentos sociais será permanecer nas ruas. Segundo ele, se o impeachment ocorrer haverá um ataque aos direitos sociais no Brasil com o já anunciado ‘pacote Temer’ que vai gerar uma convulsão social no país.
Uma outra preocupação é o fortalecimento do Estado penal que criminaliza ainda mais os movimentos sociais. No mês passado, a lei antiterrorismo foi sancionada pela presidenta Dilma com oito vetos, mas, mesmo assim, organizações que lutam pela defesa dos Direitos Humanos consideraram a lei um retrocesso do ponto de vista social. Segundo especialistas, a redação da lei é imprecisa e vaga, ficando suscetível a inúmeras interpretações.
Boulos, que recentemente foi alvo de duas representações na Procuradoria-Geral da República por parte dos deputados Antônio Imbassahy (PSDB-BA) e José Carlos Aleluia Costa (DEM-BA) sob a alegação de formação de milícia armada e incitação à violência após declarar que o Brasil seria incendiado por greves e ocupações caso ocorra o impeachment, acredita que a criminalização de movimentos sociais e o incentivo ao fascismo são muito perigosos para a democracia.
Para o líder do MTST é fundamental que a esquerda brasileira se organize para montar um novo ciclo de mobilização baseado no combate ao privilégio, na radicalização da democracia e na construção de reformas populares estruturais. (pulsar)
*Colaborou Pedro Martins, do IBASE e da AMARC Brasil