A era digital trouxe avanços e mudanças na maneira de comunicar. A internet rompeu fronteiras geográficas e possibilitou o encurtamento de distâncias como nunca antes visto e desde a década de 90 a rede mundial de comutadores não parou de crescer.
Com a expansão da internet, os meios de comunicação tiveram que se adaptar as novas ferramentas tecnológicas. A convergência midiática apresentou-se cada vez mais como uma necessidade para a sobrevivência de muitos veículos.
No entanto, ao longo dos anos, a convergência da mídia começou a ganhar novos significados, como por exemplo, a possibilidade de além de ouvir o rádio, receber conteúdo informativo do programa através da tela.
Rafael Diniz é pesquisador do Laboratório de Telemídia da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC – RJ) e ativista do movimento de Rádios Livres. Diniz estuda o rádio digital e a viabilidade de implementação do padrão Digital Radio Mondiale (DRM) no Brasil.
À Pulsar Brasil ele explica que a discussão sobre rádio digital ocorre há dez anos e que no cenário atual este tema deixou de ser importante para as emissoras comerciais. Hoje, apenas o Ministério das Comunicações, a Empresa Brasil de Comunicação (EBC) e o movimento de rádios livres e comunitárias têm um interesse maior pela digitalização do rádio.
Segundo ele, o rádio digital traria muitos avanços em relação a qualidade do áudio transmitido e também na interatividade com o ouvinte, mas, para Diniz, o maior ganho deste modelo está na melhoria da comunicação para as comunidades que vivem no interior do Brasil e não possuem acesso adequado à internet, como as ribeirinhas, quilombolas e indígenas. De acordo com o pesquisador, o sinal do rádio possibilitaria que as comunidades compartilhassem informações de utilidade pública em forma de texto entre os seus moradores.
Uma outra vantagem do rádio digital para as populações que vivem em áreas mais afastadas da cidade e não encontram acesso à internet é a possibilidade de com apenas um transmissor emitir quatro emissoras de comunidades que estejam relativamente próximas. Atualmente, cada emissora precisa ter o seu transmissor, gerando gastos de manutenção que muita das vezes a população local não é capaz de arcar.
O rádio digital ainda não é uma realidade para os brasileiros, mas com pressão popular, a expectativa é que o modelo aberto de rádio digital, que possibilitaria, inclusive, uma internet mais livre e independente, avance nos próximos dois anos. (pulsar)