Redação
Lideranças indígenas, ribeirinhas, quilombolas e movimentos populares entregaram, nesta terça-feira (8), um documento a representantes de governos reunidos na Cúpula da Amazônia, em Belém (PA), exigindo a decretação de estado de emergência climática em toda Região Amazônica.
A medida, segundo as lideranças e organizações que assinam a carta da Assembleia dos Povos da Terra pela Amazônia, tem como principal objetivo salvar a Floresta Amazônica de um ponto de não retorno até 2025. O documento foi elaborado coletivamente durante os Diálogos Amazônicos, evento realizado também em Belém, dias antes da Cúpula.
Ao todo, a carta elenca 29 medidas necessárias para “defender a vida na Amazônia e no planeta”. Entre as ações indicadas, destacam-se o combate ao desmatamento ilegal e mineração; a titulação jurídica de territórios dos povos originários; o investimento em processos de transição energética e o fim da exploração de petróleo e da construção de hidrelétricas na região; e a investigação e punição das empresas estrangeiras que poluem e provocam a destruição das florestas e rios da região.
Outro ponto importante do documento diz respeito à participação dos povos pan-amazônicos em todos os espaços de decisão sobre os rumos políticos, sociais e econômicos da região. Para tanto, os “Povos da terra pela Amazônia” reivindicam a criação da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA).
“Somos os povos da Amazônia, a maior floresta tropical do mundo, que regula o clima do planeta. Vivemos nos rios, nas matas, nos campos e cidades. Sofremos com a devastação, o cerco, o envenenamento e a destruição de nosso território. Sabemos que os ataques contra a Amazônia são ataques contra o planeta e os povos do mundo”, diz o trecho de abertura da carta.
Cúpula da Amazônia
Iniciada nesta terça-feira, a Cúpula da Amazônia reúne chefes de Estado dos oito países amazônicos para debater medidas de proteção do bioma. Além do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), participam da Cúpula representantes da Bolívia, Colômbia, Guiana, do Peru, Venezuela, Equador e Suriname. O evento será encerrado na quarta-feira (9).
Além de discutir estratégias para cessar a exploração predatória das florestas e dos rios da região, a Cúpula tem como objetivo produzir a “Declaração de Belém”, um documento conjunto que estipulará compromissos socioambientais para os Estados-membros da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA).
Em discurso nesta terça-feira, o presidente Lula afirmou que a Declaração será “um plano de ação detalhado e abrangente para o desenvolvimento sustentável da Amazônia”.
“A Amazônia não é e não pode ser tratada como um grande depósito de riquezas. Ela é uma incubadora de conhecimentos e tecnologias que mal começamos a dimensionar. Aqui podem estar soluções para inúmeros problemas da humanidade – da cura de doenças ao comércio mais sustentável. A floresta não é um vazio a ser ocupado, nem um tesouro a ser saqueado. É um canteiro de possibilidades que precisa ser cultivado”, defendeu o presidente.
*com informações do MST, Carta Capital, Brasil de Fato e Agência Brasil