Redação
A investigação sobre o assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes chegou a “um novo patamar” nesta semana. Na última segunda-feira (24), uma operação conjunta da Polícia Federal (PF) e do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) efetuou a prisão do ex-bombeiro Maxwell Simões Corrêa, suspeito de participar do crime praticado no dia 14 de março de 2018.
“Suel” foi preso em um condomínio de luxo no Recreio, bairro da zona Oeste do Rio de Janeiro, após delação premiada do ex-policial militar Élcio de Queiroz. Segundo o MP, Maxwell teria sido responsável por monitorar a rotina de Marielle antes do homicídio e por emprestar o carro utilizado pelos criminosos para esconder as armas usadas no assassinato.
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A prisão preventiva do ex-militar foi determinada pela 4ª Vara Criminal do Rio de Janeiro. Em 2021 Suel já havia sido condenado a quatro anos de prisão por atrapalhar as investigações sobre o crime.
Além da prisão de Maxwell, a operação também cumpriu mandados de busca e apreensão contra seis suspeitos. Entre eles, o irmão de Ronnie Lessa – principal acusado de ser o autor dos disparos que mataram Marielle e Anderson –, Denis Lessa, que, segundo as investigações, teria recebido os equipamentos usados no crime.
Em coletiva de imprensa realizada ainda na segunda-feira, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, afirmou que a investigação ainda não está concluída, porém “há elementos para um novo patamar, que é a identificação dos mandantes”.
Delação
Preso desde 2019 sob acusação de participar diretamente da execução do duplo homicídio, o ex-PM Élcio Queiroz decidiu fazer um acordo de delação premiada nas últimas semanas. Segundo a PF, no depoimento apresentado, Queiroz admitiu que ele próprio dirigia o Cobalt prata usado na noite do crime, enquanto o parceiro Ronnie Lessa – também preso desde 2019 – teria disparado contra as vítimas.
De acordo com a força-tarefa que apura o caso, a versão dos fatos antes, durante e após o crime apresentada por Queiroz foi corroborada por diversas provas colhidas pelos investigadores.
Além de Suel, outras duas pessoas também foram apontadas pelo delator como cúmplices do crime: o policial militar Edmilson Oliveira da Silva, conhecido como “Macalé”, e Edilson dos Santos, conhecido como “Orelha”.
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Segundo Queiroz, Macalé teria participado de todas as ações de “vigilância” e “acompanhamento” da vereadora, enquanto Orelha teria cuidado do desmanche do carro após o crime. Em 2021, Macalé foi executado a tiros em Bangu, na zona Oeste do Rio. Os motivos da morte ainda não foram esclarecidos.
De acordo com o Ministério da Justiça, as cláusulas que dispõem sobre os benefícios que Queiroz receberá em razão do acordo de delação premiada permanecem sob sigilo. Porém, é certo que o ex-PM continuará preso mesmo após a delação.
Incomodados
Nesta terça-feira (25), o ministro Flávio Dino declarou em seu perfil nas redes sociais que está impressionado com “a quantidade de gente incomodada com o avanço das investigações do caso Marielle”. Contudo, segundo ele, tal reação não o intimida “nem desmotiva”.
“Vi de tudo nas últimas 24 horas: disparates jurídicos proferidos por incompetentes; comentários grosseiros na TV; campanhas de desinformação via internet; reclamação pela presença da Polícia Federal nas investigações. Sabem o que mudou no nosso caminho de luta? NADA.” acrescentou.
Na segunda-feira, Dino afirmou que o assassinato de Marielle e Anderson está indiscutivelmente relacionado com a atuação de milícias no Rio de Janeiro.
“Os fatos até agora revelados e as novas provas colhidas indicam isto, que há forte vinculação desses homicídios, especialmente o da vereadora Marielle, com atuação das milícias e do crime organizado no Rio de Janeiro. Isto é indiscutível. Até onde vai isso? As novas etapas vão revelar”, pontuou o ministro.
*Com informações de Carta Capital, Vermelho, G1 e CNN.
Edição: Jaqueline Deister