Redação
Na última segunda-feira (28), quando se completaram 12 anos do vazamento de documentos oficiais dos Estados Unidos sobre as guerras no Afeganistão e no Iraque que ficou mundialmenmente conhecido como “Cablegate”, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) publicou, em rede social, uma foto com os atuais editores do Wikileaks, Kristinn Hrafnsonn e Joseph Farrell.
Na publicação, o petista defendeu a libertação do jornalista australiano e fundador do Wikileaks, Julian Assange, preso desde 2019 na penitenciária de segurança máxima de Belmarsh, no Reino Unido, acusado pelo governo estadunidense de ter cometido 18 crimes, incluindo os de espionagem e invasão cibernética. No texto, Lula diz que foi informado sobre a situação de saúde do ativista e pede que ele seja solto “de sua injusta prisão”.
Estive com @khrafnsson, editor-chefe do WikiLeaks, e com o editor Joseph Farrell, que me informaram da situação de saúde e da luta por liberdade de Julian Assange. Pedi para que enviassem minha solidariedade. Que Assange seja solto de sua injusta prisão.
📸: Cláudio Kbene pic.twitter.com/DuSvdEBQQY
— Lula (@LulaOficial) November 29, 2022
Também em rede social, Kristin Hrafnson agradeceu o apoio do líder brasileiro, que ele classificou como “um verdadeiro homem de paixão, visão e simpatia”.
“O presidente eleito do Brasil, Lula da Silva, expressou, em uma reunião privada esta noite, seu apoio contínuo a Julian Assange e a exigência de acabar com a perseguição, entendendo que isso pode prejudicar a liberdade de imprensa em todo o mundo. Um verdadeiro homem de paixão, visão e simpatia. Obrigado Lula”, publicou o editor do Wikileaks.
Em dezembro de 2021, Lula e a ex-presidente Dilma já haviam assinado uma carta internacional em defesa de Assange. O documento foi produzido por representantes do “Grupo de Puebla” – fórum que reúne políticos e pesquisadores progressistas de diversos países – e do Conselho Latinoamericano de Justiça (Clajud), dois dias após a Justiça do Reino Unido autorizar a extradição do ativista para os Estados Unidos.
Imprensa
Também na segunda-feira, os cinco veículos internacionais de comunicação que, em 2010, produziram uma série de reportagens a partir dos dados revelados pelo Wikileaks, publicaram uma carta pedindo que o governo dos EUA derrube as acusações contra Assange.
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O documento entitulado “Publicar não é crime”, é assinado pelos jornais The Guardian (Reino Unido), The New York Times (EUA), El País (Espanha), Le Monde (França) e pela revista e portal Der Spiegel (Alemanha).
Na carta, os veículos de imprensa relembram que, embora o vazamento tenha ocorrido durante o governo de Barack Obama, o então presidente dos EUA “absteve-se de indiciar Assange, explicando que teria de indiciar também jornalistas de grandes veículos de notícias”. Contudo, nos anos seguintes, a postura dos EUA mudou com o governo de Donald Trump que, para perseguir o ativista, “baseou-se em uma lei antiga, a Lei de Espionagem de 1917 (projetada para processar espiões em potencial durante a Primeira Guerra Mundial), que nunca foi usada para processar uma editora ou emissora”.
“Esta acusação estabelece um precedente perigoso e ameaça minar a primeira emenda dos Estados Unidos e a liberdade de imprensa. Obter e divulgar informações sigilosas quando necessário para o interesse público é parte essencial do trabalho diário dos jornalistas. Se esse trabalho for criminalizado, nosso discurso público e nossas democracias ficarão significativamente mais fracos”, alertam os veículos de comunicação.
Assange
Hoje com 51 anos, Julian Assange fundou o Wikileaks em 2006 e ficou mundialmente conhecido no ano seguinte, quando questionou a versão oficial do Exército dos Estados Unidos sobre a o assassinato de 11 iraquianos durante a guerra no Iraque.
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Em 2010, o jornalista foi o principal responsável pelo vazamento de cerca de 251 mil telegramas confidenciais do departamento de estado dos EUA que revelaram esquemas de corrupção, escândalos diplomáticos e assuntos de espionagem em escala internacional.
Acusado de 18 crimes pelo governo americano, o ativista encontra-se preso no Reino Unido desde 2019. Em junho deste ano a então ministra do Interior britânico, Priti Patel, aprovou a extradição do fundador do WikiLeaks para os Estados Unidos para enfrentar a Justiça americana. A defesa de Assange recorreu e o caso, no momento, aguarda decisão do Supremo Tribunal de Londres.
Caso sejam confirmadas a extradição e a condenção pelos supostos crimes, a pena de Assange pode chegar a 175 anos de prisão.
*Com informações do Brasil de Fato
Edição: Jaqueline Deister