Redação
Desde o último domingo (9), as cenas de agressão da ex-jogadora de vôlei Sandra Mathias contra entregadores no Rio de Janeiro têm gerado uma série de repercussões dentro e fora da internet.
Nesta quarta-feira (12), Max Ângelo dos Santos, um dos entregadores agredidos pela ex-atleta compareceu à 15ª Delegacia Policial, no bairro da Gávea, para prestar depoimento sobre o caso. Nas imagens divulgadas nas redes, após tentar dar um soco em Max, Sandra utiliza uma guia de coleira de cachorro para atingir as costas do entregador, como quem usa um chicote.
Momentos antes a nutricionista também agride verbal e fisicamente a entregadora Viviane Souza e chega a morder sua perna. Segundo as vítimas, Sandra ainda teria xingado as vítimas de “marginal”, “lixo”, “preto”, “favelado” e dito que mandaria prendê-las.
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Max e Viviane também contaram que, no mesmo dia, Sandra teria cuspido em um grupo de motoboys e intimidado uma funcionária dentro da loja que serve de base da plataforma de pedidos onde os dois trabalham.
O caso ocorreu na calçada da Estrada da Gávea, mesma rua do prédio em que Sandra mora, no bairro de São Conrado, zona sul do Rio. De acordo com a polícia, a professora de vôlei é investigada pelos crimes de agressão e injúria racial.
Sandra também foi convocada para depor nesta quarta-feira, mas, segundo a polícia, a defesa da acusada apresentou um atestado médico e o depoimento teve que ser adiado. De acordo com a delegada titular da 15ª DP, Bianca Lima, o depoimento da professora não tem data marcada, mas pode ocorrer a partir da próxima segunda-feira (17).
Reações
Após a divulgação das imagens do episódio, a Comissão de Ética do Conselho Regional de Nutrição abriu um processo administrativo contra Sandra Mathias.
Já a Secretaria Municipal de Esportes do Rio de Janeiro decidiu não renovar a licença da escolinha de vôlei que a ex-atleta comandava com a ex-dupla de esporte Elaine Bezerra na praia do Leblon. Segundo a secretaria, a licença venceu em dezembro de 2022 e estava em processo de renovação. Em comunicado à imprensa, o órgão disse que não concederá a renovação “até que todos os fatos sejam esclarecidos pela Justiça”.
Nas redes sociais, as irmãs e jogadoras profissionais de vôlei Carolina Solberg e Maria Clara Salgado se manifestaram sobre o caso.
“Essa mulher é ex-jogadora de vôlei, tem uma escolinha para crianças e adolescentes no Leblon e é a racista e agressora dos entregadores que vimos ontem. Uma mulher como essa não deveria poder transmitir nenhum tipo de ensinamentos a outra pessoa, muito menos a uma criança. Cada vez mais eu tenho certeza da importância de usarmos o esporte para falar muito além do que acontece em campo. Combater o racismo é um compromisso de qualquer pessoa. Principalmente de nós, brancos. Racismo mata, de várias formas”, publicou Carol Solberg.
“Racismo é CRIME! Vergonha de ver mais uma ex-atleta cometendo um crime nojento e covarde demais. Nessas horas, penso ainda mais na importância de atletas se posicionarem e usarem suas vozes e plataformas. Que enfiemos todo o ódio gerado pelo último presidente e todos esses, que ao longo dos últimos quatro anos, se alimentaram dos discursos dele, que se sentiram no direito de fazer o mesmo, propagando raiva e violência, ao lugar que merecem: a cadeia”, declarou Maria Clara.
Histórico
Aos 53 anos, Sandra Mathias Correia de Sá coleciona uma série de passagens pela polícia. Segundo apuração do portal G1, a ex-jogadora e nutricionista já foi acusada por lesão corporal, injúria e ameaça, furto de energia (na praia onde tem a escola de vôlei) e fraude em licitação.
Nas redes sociais, além da carreira esportiva nas quadras e na areia, Sandra afirma ter atuado como supervisora de produção do Comitê Olímpico do Brasil (COB), entre outubro e novembro de 2022. A informação, contudo, foi negada pela entidade na última terça-feira.
“O Comitê Olímpico do Brasil (COB) informa que Sandra Mathias Correia de Sá, acusada de injúria e lesão corporal em dois entregadores no Rio de Janeiro, jamais atuou na entidade como supervisora de produção nem fez parte do seu quadro de colaboradores em qualquer outra função”, esclareceu o Comitê em nota oficial.
Ainda como consequência das agressões praticadas no último domingo, nesta quarta-feira Sandra foi notificada pelo condomínio para que deixe o imóvel onde mora. Segundo informações do portal Metrópoles, o advogado representante do Edifício Estrada da Gávea teria dito que, embora nunca tenha sido multada, a nutricionista acumula atritos e “bate-bocas” com outros moradores. De acordo com o advogado, o condomínio “notificou a administradora do apartamento por providências, no sentido de retirá-la do edifício”.
*Com informações do Brasil de Fato, G1, Metrópoles e O Globo
Edição: Jaqueline Deister