A regressão social que atinge a América Latina ganhou mais um capítulo lamentável no último mês de junho no México. O massacre promovido pelo Estado no domingo, dia 19, no município de Nochixtlán, em Oaxaca, contra professores e simpatizantes que questionam a reforma educativa no país, deixou um saldo de 10 mortos e 100 feridos.
A Pulsar Brasil conversou com Cristian Rasgado , comunicador da Rádio Plantón, em Oaxaca. A emissora há mais de dez anos desenvolve um trabalho comunitário, abrindo espaço para os movimentos populares do México. Rasgado esteve presente no protesto fazendo uma cobertura jornalística para a emissora. Segundo ele, uma forte operação policial, com helicópteros e caminhões foi instalada na cidade para realizar o desbloqueio da rodovia federal Oaxaca-Puebla. Às onze horas os disparos com armas de fogo começaram por parte da polícia.
Rasgado conta também que a comunicação na área onde se estabeleceu o conflito foi comprometida. Os aparelhos celulares não funcionavam nas imediações, o que dificultava encontrar pessoas que estavam perdidas no protesto. O comunicador contou à Pulsar Brasil que os civis feridos tiveram que receber os primeiros cuidados em uma igreja local, pois os hospitais do município estavam negando atendimento.
Desde a entrada do então presidente mexicano Enrique Peña Nieto, em 2012, que a situação para os educadores vem piorando. Em 2013, Nieto anunciou um pacote de reformas estruturais que geraram protestos por todo o país. Além de afetar diretamente direitos trabalhistas, a reforma na Educação tem como principal objetivo a retirada da responsabilidade educacional do Estado.
Doze dias após o massacre, os professores contam com o apoio da população para manter os protestos que são organizados pela Coordenadoria Nacional de Trabalhadores da Educação. As manifestações exigem um diálogo com o governo sobre a reforma educativa, que tem demitido diversos profissionais da área e também cobram a punição dos responsáveis das dez mortes que ocorreram em Nochixtlán. (pulsar)