Redação
A Repórter Brasil, em parceria com 22 organizações sociais brasileiras, lançou a segunda edição do “Ruralômetro”, ferramenta digital que mede a atuação dos deputados federais no período 2019-2022 em temas como meio ambiente, indígenas e trabalhadores rurais.
Desenvolvida por uma equipe multidisciplinar, a ferramenta avalia como votaram e quais projetos de lei os parlamentares apresentaram ao longo da última legislatura. Em alusão a um termômetro, o “Ruralômetro 2022” define que quanto pior o impacto causado pelo parlamentar, mais alta a temperatura, e “quanto mais alta a temperatura, maior a boiada que o parlamentar deixou passar”. Segundo os criadores da ferramenta, “políticos com mais de 37,3°C têm ‘febre ruralista’.
“A escala varia entre 36ºC e 42ºC. A temperatura de 37,3ºC é considerada neutra. Valores menores que esse indicam os parlamentares que tiveram uma atuação dentro da Câmara considerada favorável na temática socioambiental. Acima dessa temperatura, o desempenho foi desfavorável”, explica o texto de apresentação da plataforma.
Leia mais: Senado aprova autofiscalização sanitária que pode deixar população exposta a doenças
Além de analisar 28 votações nominais e quase 500 propostas apresentadas na Câmara, o “Ruralômetro” também reúne outros dados de interesse público, como infrações ambientais e trabalhistas cometidas pelos parlamentares e seus financiadores. A ferramenta também permite identificar os deputados que são donos de empresas rurais e os que fazem parte da bancada ruralista no Congresso Nacional.
Conforme explicam os criadores da iniciativa, “ao revelar e cruzar essas informações, o “Ruralômetro” faz um raio-x da atuação da Câmara no atual governo e oferece uma ferramenta de pesquisa para a campanha eleitoral de 2022, já que muitos desses parlamentares concorrerão à reeleição ou a outros cargos no pleito deste ano”.
De acordo com a Repórter Brasil, participaram do processo de desenvolvimento da plataforma organizações como a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), Associação Brasileira de Reforma Agrária (Abra), Comissão Pastoral da Terra (CPT), Comissão Pró-Índio de São Paulo, Conectas Direitos Humanos, Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares (Contag) e Conselho Indigenista Missionário (Cimi). Também contribuíram a Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional (Fase), Greenpeace Brasil, Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), Instituto de Energia e Meio Ambiente (IEMA), Instituto Democracia e Sustentabilidade (IDS), Instituto Socioambiental (ISA), Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Observatório da Mineração, Observatório do Clima, Observatório do Código Florestal e WWF Brasil.
Para mostrar como os dados foram extraídos e trabalhados e também permitir que outros investigadores aproveitem as informações apresentadas pelo “Ruralômetro”, toda a base de dados utilizada para a construção da ferramenta está disponível para download.
Metodologia
De acordo com a Repórter Brasil, o “Ruralômetro” trabalha com uma base de 28 votações nominais que ocorreram na Câmara dos Deputados entre 2019 e 2022 e foram selecionadas e filtradas manualmente a partir do site da Câmara dos Deputados.
Leia mais: Em meio a manobras, Câmara dos Deputados aprova “Pacote do Veneno”
Após a seleção, as votações foram divididas entre as instituições parceiras para a avaliação de mérito. A avaliação indicou se essas votações eram pouco ou muito relevantes e se os votos eram favoráveis ou desfavoráveis para o meio ambiente e os povos do campo. Feita a avaliação do mérito, foram levantadas as listas de votantes de todas as matérias.
Para a seleção dos 485 projetos de lei, foram reunidas todas as proposições apresentadas pelos deputados entre o início da legislatura (2019) e 28 de novembro de 2021, data em que foi feito o download da base de proposições no site de Dados Abertos da Câmara dos Deputados. Assim como nas votações, os projetos selecionados foram divididos para avaliação pelas instituições parceiras, que os classificaram como favoráveis ou desfavoráveis para a área em que atuam.
Leia mais: TSE disponibiliza sistema com informações sobre candidaturas registradas para as Eleições 2022
As informações sobre parlamentares e financiadores infratores foram obtidas através do cruzamento de dados do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Receita Federal, Ministério do Trabalho e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
A identificação dos parlamentares donos de empresas rurais foi feita a partir da análise e seleção de códigos da Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE), que foram cruzados com os dados obtidos junto aos órgãos anteriormente citados. Já os deputados da bancada ruralista foram identificados com base na lista da página oficial da Frente Parlamentar Agropecuária.
Edição: Jaqueline Deister