Pelo segundo ano consecutivo o reajuste do salário mínimo no Brasil não corresponde a um aumento real no poder de compra dos trabalhadores e trabalhadoras.
De acordo com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o acréscimo de R$ 112 ao valor de R$ 1.110 que vigorou em 2021 representa apenas a recomposição das perdas provocadas pela inflação acumulada ao longo do ano.
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Segundo o Dieese, o reajuste instituído pela Medida Provisória 1.091/21 e que passou a valer desde o dia 1º de janeiro foi calculado a partir do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), indicador do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) que abrange famílias com rendimentos de um a cinco salários mínimos e que é utilizado para a correção do poder de compra dos salários.
Com o aumento do preço dos alimentos, bebidas e transportes, em São Paulo, por exemplo, em que o custo da cesta básica chegou a R$ 700 no último ano, o Dieese afirma que os R$1.212 do novo salário serão suficientes para comprar pouco mais que uma cesta básica e meia. Em relação ao preço médio da gasolina comum em dezembro de 2021 (R$ 6,684), o salário mínimo inteiro permitiria encher no máximo três vezes um tanque de carro de 60 litros.
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Ainda de acordo com o Dieese, atualmente o salário mínimo serve de referência para 56 milhões de pessoas no Brasil, das quais 24 milhões são beneficiárias do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
Em entrevista ao Jornal Brasil Atual, José Silvestre, o diretor adjunto do Departamento, destacou que desde o governo de Michel Temer (MDB) a política de valorização do salário mínimo adotada durante os governos petistas foi interrompida e segue sem avanços na gestão de Jair Bolsonaro (PL).
Edição: Jaqueline Deister