Com mais de 800 composições e 38 discos na carreira, o cantor e compositor Erasmo Carlos morreu nesta terça-feira (22) aos 81 anos. A causa da morte ainda não foi divulgada.
Nascido em 1941, no Rio de Janeiro, o “Tremendão” – como ficou conhecido após o sucesso com a Jovem Guarda no final dos anos 1960 – entrou para a história da música brasileira com canções como “Festa de Arromba”, “Minha Fama de Mau”, “Calhambeque”, “Eu sou Terrível”, “Detalhes” e “Além do Horizonte”. Muitas delas interpretadas pelo amigo e parceiro musical de juventude, Roberto Carlos. Ao todo, foram mais de 682 músicas e 643 gravações registradas no Escritório Central de Arrecadação e Distribuição (Ecad).
Leia mais: A despedida do “canto extraordinário” dos muitos Brasis eternizados por Gal Costa
Há menos de uma semana antes de falecer, Erasmo Carlos foi premiado com o Grammy Latino, uma das mais importantes premiações da música latinoamericana, pelo álbum “O Futuro Pertence À… Jovem Guarda” na categoria Álbum de Rock ou Música Alternativa em Língua Portuguesa.
Na ocasião, o Gigante Gentil escreveu em sua rede social: “É tão importante entender o conceito, quanto ouvir a música… Existem várias formas de amor, e eu preciso de todas. Obrigado a todos que contribuíram para mais essa vitória, esse Grammy é o reconhecimento do nosso trabalho”.
Homenagens
Logo após a notícia da morte de Erasmo Carlos, diversos artistas e amigos do cantor usaram as redes sociais para se despedir do Tremendão.
Milton Nascimento, por exemplo, citou um episódio ocorrido quando os dois músicos se conheceram no Rio de Janeiro. Segundo o Bituca, Erasmo chegou a salvar sua vida uma vez.
“[…] na Urca, estava atravessando a rua e não vi o carro vindo. Erasmo saiu correndo e me empurrou bem na hora. Depois, até brinquei com ele dizendo que, se não tivesse morrido atropelado, poderia ter morrido com a força do empurrão dele”, brincou o cantor.
“Erasmo era coração puro, fiquei muito emocionado quando o encontrei na minha última temporada no Rio, em agosto, quando dediquei o show pra ele. Vai deixar muitas saudades. Te amo, meu amigo! Obrigado por tudo!”, declarou.
Leia mais: Elza Soares, a “afirmação da grandeza possível do Brasil”
A cantora Maria Bethânia também fez questão de homenagear o amigo. Em seu perfil, a baiana se despediu com um verso de “As canções que você fez pra mim”, um dos tantos sucessos de Erasmo gravado na voz de Roberto Carlos.
“‘Agora eu choro só, sem ter você aqui’. Perdemos Erasmo, este “belo rapaz”. Nosso Tremendão!
Quanta tristeza!”, escreveu.
Como fãs, os titãs Nando Reis e Paulo Miklos destacaram o legado deixado por Erasmo e a influência que o cantor teve em suas carreiras. Em sua homenagem, Nando Reis afirma que “sem Erasmo nada teria acontecido” e se refere ao compositor como “mestre da minha cartilha” e “astro maior da constelação estelar da Música Brasileira”.
“Nosso mudo está desmoronando. Sem Erasmo nada teria acontecido, não haveria ‘Detalhes’, ‘Além do Horizonte’, ‘Sentado à beira do caminho’, ‘Cavalgada’… não haveria nada. Erasmo é parte da espinha dorsal do nosso cancioneiro, mestre da minha cartilha de como compor uma canção, astro maior da constelação estelar da Música Brasileira. Que homem admirável perdemos”, lamentou Nando Reis.
“É difícil demais, perder o Gigante Gentil! O Tremendão. Tive a maior felicidade que um fã como eu pode ter, trabalhamos juntos. Convivemos, mesmo que pouco. Que legado fantástico que Erasmo nos deixa! Vai querido, nós ficamos aqui, na paz do seu sorriso”, despediu-se Paulo Miklos.
“Eu adoro a narrativa descritiva de suas composições e as cenas cinematográficas que ele sabia criar como ninguém para ilustrar as situações vividas nas canções. Aprendi muito com ele e me orgulho de ter sido sua parceira, cúmplice e amiga. Descanse em paz meu ídolo e querido amigo inspirador! Te amo Gigante Gentil. Sinto muito junto com seus milhares de fãs, familiares e amigos”, publicou Marisa Monte.
Edição: Jaqueline Deister