A cidade de Campinas, no interior de São Paulo, recebeu durante dois dias pesquisadores e comunicadores de diferentes partes do Brasil e do mundo para debater sobre os rumos das rádios comunitárias e livres dentro do contexto da digitalização.
As discussões do Seminário Internacional Espectro e Redes Digitais mostraram que o Brasil ainda está nos primórdios no que se refere a políticas públicas para o campo do espectro eletromagnético. Com o intuito de familiarizar mais os comunicadores comunitários sobre o tema, duas mesas buscaram romper paradigmas e esclarecer o quanto o debate sobre a transição para o digital precisa ser intensificado para evitar que este espaço seja dominado apenas por grandes corporações.
Lígia Apel, que trabalha há 24 anos com formação de repórteres comunitários no interior da Amazônia destacou que o Seminário foi desafiador do ponto de vista da tecnologia pelo fato dela ser da geração analógica. Em relação à política, Lígia disse que o debate alertou para a necessidade de elaborar planos de ação que regulem os oligopólios midiáticos e fortaleçam comunicadores comunitários.
A militante ressaltou ainda a oficina ministrada pela Ong Artigo 19 sobre ‘Mecanismos legais de defesa para comunicadores comunitários’. Segundo ela, é essencial pensar estratégias de proteção para os comunicadores comunitários que sofrem com ameaças e, muitas vezes, ataque à vida.
O encontro despertou anseios também no indígena Jonas que trabalha na Rádio Xibé, localizada no Médio Solimões. Após três dias de viagem da sua aldeia no interior da Amazônia até Campinas, Jonas destacou que retornará para a sua comunidade pronto para compartilhar aprendizados sobre o rádio digital, o projeto Pororoca e, principalmente, a telefonia comunitária.
O Seminário Internacional Espectro e Redes Digitais foi uma realização da Associação Mundial de Rádios Comunitárias (Amarc Brasil). (pulsar)